Segundo Rui Fernandes, um dos manifestantes, o protesto foi marcado para "aproveitar" a presença em Valença do primeiro-ministro, António Costa, que hoje participa numa viagem de comboio entre Viana do Castelo e aquela cidade para assinalar a conclusão da eletrificação da Linha do Minho.

"Queremos a reabertura imediata das fronteiras, porque a atual situação é simplesmente insustentável", referiu.

Esgrimiu dados da Pordata para vincar que as quebras para a região do Alto Minho decorrentes do fecho das fronteiras ascendem a seis milhões de euros por ano, só no comércio e hotelaria, restauração e alojamento.

"Primeiro levámos com o confinamento de Espanha, agora levamos com o nosso, e o problema é que ninguém nos aponta uma data para a reabertura, quando é sabido que estamos todos literalmente com a corda na garganta", referiu.

“Abram as fronteiras” e “Queremos trabalhar” são frases em tarjas no local, onde os comerciantes fazem-se ouvir com buzinas e assobios.

Na quarta-feira o primeiro-ministro afastou o levantamento para breve das restrições de circulação nas fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha, alegando que essa decisão será tomada apenas quando os dois países concluírem estarem reunidas as condições de segurança.

"O Governo procede a uma revisão quinzenal da situação. Portanto, para já, as fronteiras vão manter-se fechadas no espírito de boa colaboração que temos mantido com Espanha", declarou António Costa.

As fronteiras com Espanha estão fechadas desde 31 de janeiro devido à pandemia de covid-19, sendo apenas permitida a circulação entre os dois países nos 18 pontos de passagem autorizados (PPA).

Atualmente, das oito passagens que ligam o distrito de Viana do Castelo à Galiza, o atravessamento da fronteira durante 24 horas apenas está autorizado na ponte nova de Valença. Há ainda em Monção, Melgaço, no Lindoso, Ponte da Barca, pontos de passagem que estão disponíveis nos dias úteis, das 07:00 às 09:00 e das 18:00 às 20:00.

Tensão entre ministro e trabalhadores da Infraestruturas de Portugal

O ministro das Infraestruturas protagonizou hoje uma acesa troca de palavras com membros da Comissão de Trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP), que exigiam a valorização profissional à chegada do comboio elétrico a Valença, distrito de Viana do Castelo.

O ministro Pedro Nuno Santos rejeitou a acusação da Comissão de Trabalhadores (CT) de não a receber e ouvir, dizendo que deve ser dos ministros que mais se reúne com os sindicatos.

Já Fernando Semblano, porta-voz dos trabalhadores, disse que o ministro não estava a ser “correto”.

“Desde 2009 que não temos aumentos salariais, que nos empurram com a barriga para as Finanças e para as Infraestruturas. Não podemos aceitar mais isto”, disse.

Segundo o representante da CT, são cerca de 3.800 trabalhadores que “não são valorizados e que não foram integrados no plano de vacinação contra a covid-19”.

Antes da troca de palavras, o primeiro-ministro, António Costa, à chegada a Valença, dirigiu-se à delegação de trabalhadores, recebeu o manifesto que distribuíam e remeteu os trabalhadores para uma reunião com o presidente da IP, presente na inauguração da Linha do Minho.

Esta manhã, na estação ferroviária de Valença, a manifestação da CT da Infraestruturas de Portugal estava já à espera da chegada do primeiro-ministro, com ‘t-shirts’ pretas nas quais se lia "Respeito pelos trabalhadores".

"Inaugurar obras com o suor dos outros é fácil, mas também deveria ser ético, pelo que quem nos governa tem de reconhecer e valorizar os trabalhadores que estiveram sempre presentes para que esta e outras inaugurações pudessem ser uma realidade", lê-se numa nota distribuída pela CT à comunicação social no local.

A modernização e eletrificação da Linha do Minho, entre Nine, no distrito de Braga, e Valença, no distrito de Viana do Castelo, representou um investimento de 86,4 milhões de euros, inserido no Plano de Investimentos Ferrovia 2020 e cofinanciado pelo programa Compete 2020.

A modernização da Linha do Minho foi anunciada em 2011, depois de afastada a possibilidade de encerramento da ligação ferroviária internacional entre a cidade do Porto e Vigo, na Galiza.

[Artigo atualizado às 12:59]

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