A delegação da Liga (o partido de extrema-direita com quem esteve até agora coligado o M5S, num executivo também dirigido por Conte) não contou com o seu líder interino e anterior ministro do Interior, Matteo Salvini e os porta-vozes presentes transmitiram a Conte a mensagem de que pedirão ao Parlamento para não apoiar o futuro Governo.

Minutos antes, Conte reuniu com o partido ultraconservador Irmãos de Itália, cuja líder, Girogia Meloni, também não esteve presente, fazendo-se representar por um porta-voz, Tommaso Foti, que descreveu como “nojento” o acordo de coligação que está a ser preparado em Itália.

Giuseppe Conte foi escolhido quinta-feira, pelo Presidente Sergio Mattarella, para tentar formar um Governo com o apoio do M5S e do PD, depois da dissolução da solução governativa entre o M5S e a Liga, que durou 14 meses.

A ronda de negociações com os partidos acontece no momento em que Conte finaliza o programa governamental e escolhe a sua equipa ministerial, para a qual permanecem várias incógnitas, incluindo a designação para o cargo de vice-primeiro-ministro, que o seu atual titular (Luigi di Maio, líder do M5S) gostaria de manter.

Contudo, o PD tem feito saber que, para assegurar a estabilidade política do novo executivo em que participa, gostaria de ter um seu elemento no segundo lugar da hierarquia, colocando mais um problema para Giuseppe Conte.

O M5S também decidiu submeter o acordo de coligação ao voto dos militantes, numa plataforma ‘online’ participativa, onde cerca de 100 mil inscritos poderão deixar a sua posição nos próximos dias, antes do voto de confiança a que se sujeitará no Parlamento.

De acordo com a Imprensa italiana, há ainda muitas “pontas soltas” no programa governativo, com os dois partidos de coligação a precisarem de se entender em várias matérias relevantes para a governação de Itália.

Num ponto, contudo, M5S e PD estão já de acordo: pedir à União Europeia para ser mais flexível nas exigências de cumprimento de metas orçamentais, para permitir um “reforço da coesão social”, com várias medidas de investimento público anunciadas por Conte.

O acordo governamental também já está estabelecido à volta da revisão de concessões de rodovias e sobre uma nova lei de conflitos de interesse, para além da reforma do Conselho Superior de Magistratura.

M5S e PD também já concordaram em rever os decretos sobre segurança e imigração, temas que tinham estado na origem de desentendimentos entre o M5S e o Liga de Matteo Salvini, a fim de cumprir observações introduzidas pelo Presidente italiano, nomeadamente a obrigação de salvar naufrágios do mar com migrantes que procuram portos italianos.