A renúncia de Hamdok surge no mesmo dia em que o país testemunhou uma nova jornada de manifestações contra o golpe de Estado de 25 de outubro e contra o acordo com o líder da junta militar, Abdel-Fattah al-Burhan.
Pelo menos três manifestantes foram mortos durante as manifestações de hoje, segundo o Comité dos Médicos do Sudão, um sindicato da oposição, tendo o total de vítimas mortais relacionadas com os protestos contra o golpe subido para 57.
Na sua comunicação, Hamdock declarou ter feito tudo o que foi possível para evitar a tal situação no país.
“Fiz tudo o que foi possível para evitar que o país deslizasse para o desastre quando atravessa uma perigosa viragem que ameaça a sua sobrevivência (…) face à fragmentação das forças políticas e aos conflitos entre os componentes (civil e militar) da transição (…). Apesar de tudo o que foi feito para se chegar a um consenso (…) isso não aconteceu”, afirmou.
O Sindicato dos Médicos do Sudão, que fornece o registo das vítimas mortais e feridos durante os protestos, anunciou através das redes sociais que pelo menos três manifestantes morreram durante as marchas que decorreram na capital do país, Cartum, e na cidade adjacente de Um Durman.
O balanço inicial dos protestos, também fornecido pela mesma fonte, dava conta de dois mortos.
Os protestos intensificaram-se neste país africano desde que o líder militar sudanês, o general Abdel-Fattah al-Burhan, e o primeiro-ministro Abdullah Hamdok, destituído no golpe de Estado de outubro, chegaram a um acordo, em finais de novembro, para repor o último em funções e estabelecer um novo roteiro para as eleições no país, previstas para 2023.
Milhares de pessoas saíram hoje para as ruas de Cartum e de outras cidades do país, num novo dia de protestos convocados pelos chamados comités de resistência.
Os manifestantes, agitando bandeiras, expressaram a sua rejeição do acordo político alcançado entre Abdel-Fattah al-Burhan e Abdullah Hamdok, gritando frases de ordem a favor de um Estado civil, de acordo com os relatos da agência noticiosa oficial sudanesa, SUNA.
Antes do início das manifestações, as autoridades sudanesas fecharam todas as vias e pontes que garantem os acessos a Cartum, exceto duas, enquanto os serviços telefónicos e de Internet foram cortados, medida frequente durante os dias de protestos.
Comentários