As associações do setor dos espetáculos têm tido reuniões regulares com a DGS e o Governo, a última das quais na sexta-feira passada, e dizem ainda aguardar mais informações.

Em abril e maio, foram feitos vários eventos-piloto, em Braga, Coimbra e Lisboa, com plateia em pé e sentada, nos quais foi associada a realização prévia de testes de diagnóstico aos espectadores.

Esses eventos-piloto, realizados em articulação com a DGS e a Cruz Vermelha Portuguesa, tinham como objetivo, segundo o Governo, definir "novas orientações técnicas e a realização de testes de diagnóstico de SARS-CoV-2 para a realização de espetáculos e festivais".

Mais de um mês depois, não foram ainda divulgadas as conclusões desses eventos-piloto.

Segundo Álvaro Covões, da direção da Associação de Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos (APEFE), a DGS informou as associações na sexta-feira de que terá tido "um problema informático" com os dados dos espectadores que participaram nos eventos-piloto.

Em declarações ao Público, o promotor esclareceu o que se terá passado. Segundo explica, “quem tinha os dados era a Cruz Vermelha" e "não estavam a conseguir tratá-los informaticamente". Agora, as associações organizadoras terão de enviar “o número de utente” de cada espectador para “tentar complementar” as informações. “Não temos dúvidas de que não há casos positivos. Todas as pessoas que participaram nos quatro eventos testaram negativo”, assegura.

A APEFE pretende agora mais esclarecimentos da Direção-Geral da Saúde sobre a obrigatoriedade de realização de testes à covid-19 em eventos culturais, e lamenta a ausência de informações.

"Não sabemos o que está em causa, não está claro se [a testagem obrigatória] é para todos os espetáculos ou para os espetáculos acima de uma determinada lotação. Está confuso e parece-nos bizarro", afirmou Álvaro Covões à agência Lusa.

Na passada quarta-feira, o Conselho de Ministros aprovou a obrigatoriedade de realização de testes de diagnóstico à covid-19 para a entrada em eventos desportivos e culturais e para a participação em eventos familiares, incluindo casamentos e batizados.

Na altura, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, explicou que cabe à Direção-Geral da Saúde (DGS) definir o número de participantes por evento a partir do qual é exigida a realização de teste à covid-19.

Enquanto promotor de espetáculos, Álvaro Covões considera que a obrigatoriedade de teste de diagnóstico antes de eventos culturais, com custos para os espectadores, será "uma catástrofe para o setor cultural".

"Se agora há pouco público, [com teste obrigatório pago] ainda haverá menos; a chatice que é de fazer um teste a cada espetáculo. E depois há o princípio da proporcionalidade, em que pode ser mais caro o teste do que o bilhete do espetáculo. É completamente sem nexo e sem organização. Vamos esperar que o bom senso predomine e saia uma decisão adequada à realidade", lamentou o promotor.

No domingo, a Associação Espetáculo - Agentes e Produtores Portugueses defendeu que os testes de diagnóstico à covid-19 devem ser gratuitos em eventos culturais e, como contrapartida à obrigatoriedade, pede um aumento da lotação das salas.

À Lusa, Rafaela Ribas, da direção da Associação Espetáculo, afirmou que a decisão de quarta-feira do Conselho de Ministros provocou "uma paragem quase total na venda de bilhetes".

"Os espectadores veem que vai ser preciso testar em eventos, há muita incerteza e isso leva a uma retração da compra e, neste momento, as bilheteiras estão paradas a aguardar uma definição melhor", disse.

*Com Lusa

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