Ainda não é conhecida a pena que al-Bashir pode enfrentar.

De acordo com as organizações responsáveis pelos protestos, as autoridades sudanesas terão matado cerca de 100 manifestantes durante os quatro meses de contestação que levaram ao afastamento de al-Bashir.

De acordo com o conselho militar que atualmente lidera o país, Omar al-Bashir deverá ser apresentado à justiça, descartando a extradição para o Tribunal Penal Internacional (TPI), que o acusa de crimes de guerra e de genocídio associados ao conflito no Darfur.

Al-Bashir, que à data da sua destituição, 11 de abril, era o único chefe de Estado sujeito a um mandado de detenção internacional, foi detido na capital sudanesa, Cartum, dias depois de ter sido afastado do poder.

O ex-chefe de Estado do Sudão Omar al-Bashir foi destituído pelo Exército, após mais de quatro meses de contestação popular, inicialmente motivada pelo aumento dos preços do pão e de outros bens essenciais. Os protestos acabaram por se transformar num movimento contra o chefe de Estado, que liderava o país desde 1989, quando chegou ao poder através de um golpe de Estado.

Al-Bashir é alvo de dois mandados de detenção emitidos pelo Tribunal Penal Internacional por genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade, cometidos durante o conflito em Darfur (oeste do Sudão).

De acordo com as Nações Unidas, o conflito causou mais de 300.000 mortos desde 2003 e obrigou cerca de 2,5 milhões de pessoas a abandonarem as suas casas.

Durante o dia de hoje, manifestantes e conselho militar de transição retomaram as negociações para a criação de um Governo conjunto.

O tenente-general Shams al-Deen al-Kabakshi, porta-voz do conselho militar, citado pela Associated Press, considerou que o encontro de hoje, o primeiro em mais de uma semana, decorreu “numa atmosfera mais otimista”.

Al-Kabashi afirmou que há um acordo para a criação de mecanismos, como um conselho soberano e um corpo legislativo para governar o país durante a transição, estando prevista para terça-feira a discussão quanto à formação dos vários organismos e a duração do período de transição.

Os manifestantes são representados pelas Forças para a Declaração da Liberdade e Mudança, uma coligação de grupos da oposição liderada pela Associação de Profissionais Sudaneses, que encabeçou os protestos desde dezembro.

Apesar dos avanços, as duas partes continuam divididas quanto ao papel do Exército, organismo dominado membros nomeados por al-Bashir.