Em conferência de imprensa em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, garantiu que os professares “não se vão deixar calar” e que apresentaram uma proposta para “forçar o Ministério da Educação” a negociar já a pensar em 2024.
No dia 09, Governo e sindicatos admitiram não terem chegado a um acordo sobre o novo regime de recrutamento, tendo o ministro da Educação mostrado disponibilidade para continuar as negociações sobre outras questões, mas apelado ao regresso à normalidade nas escolas e ao fim das greves, sem confirmar se as reuniões negociais seriam agendadas caso as paralisações se mantivessem.
“Vamos enviar uma proposta que, nos termos da lei, obriga à abertura de um processo negocial, com início em 2024 e até ao final da legislatura”, anunciou Mário Nogueira, apontando que aquela proposta inclui a discussão da contagem integral do tempo de serviço, o reposicionamento nos escalões, despenalizações na antecipação da aposentação ou majoração do valor da pensão.
Quanto às formas de luta anunciadas, as organizações sindicais decidiram iniciar a 27 de março, e sem data para terminar, greve a “todo o serviço extraordinário, a todo o serviço imposto fora do horário de trabalho, a toda a atividade atribuída no âmbito da componente não letiva de estabelecimento e às avaliações finais”.
Aquela plataforma anunciou ainda uma “greve ao último tempo letivo diário de cada docente” e uma nova greve por distritos, a começar no dia 17 de abril (depois das férias da Páscoa) e a terminar a 12 de maio, começando pelo Porto, seguindo-se Viseu, Vila Real, Viana, Aveiro, terminando em Lisboa.
“No dia 06 de junho de 2023 será um dia muito importante. Haverá uma greve e esperamos que seja uma grande manifestação nacional. Esta data é simbólica, 06-06-23, porque simboliza os seis anos, seis meses e 23 dias que os professores reivindicam de recuperação de tempo de carreira”, explicou Mário Nogueira.
Além das várias jornadas de greve, Mário Nogueira anunciou que foram pedidas reuniões a “todos os partidos políticos”.
Anunciou ainda a entrega de uma ação no Tribunal da Relação de Lisboa contra os serviços mínimos decretados para as greves de dois e três de março, a apresentação de uma queixa à Comissão Europeia “pelas limitações impostas ao direito à greve”, assim como uma queixa contra o Estado português junto da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Comité Sindical Europeu de Educação por “limitação do direito à greve por parte de educadores e professores”.
Quanto à continuação das rondas negociais com o ministério da Educação, que se disponibiliza a continuar a negociar - mas exclui das negociações a recuperação integral do tempo de serviço, uma das principais reivindicações dos sindicatos -, Mário Nogueira referiu que da parte dos docentes há vontade de negociar.
No entanto considerou “inqualificável a condição imposta” pelo ministério da Educação, que acusou de querer silenciar os docentes.
“Não é aceitável que o ministro da Educação exija que não se ouça ruído lá fora [da sala de reunião] de professores a protestar e que se deixe de se fazer greve [para que se continuem as negociações]”, disse.
“Ações de luta não vão faltar para podermos pressionar o Governo a resolver problemas que estão a massacrar uma profissão em que há cada vez menos gentes”, avisou Mário Nogueira.
Os protestos dos professores, que têm incluído manifestações e greves em diferentes moldes, começaram em dezembro passado.
(Artigo atualizado às 14h07)
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