“O PCP está aqui para construir. Está sempre disponível para dar uma contribuição para que se continue uma política de avanços, de reposição de direitos, da procura da luta por uma vida melhor dos portugueses. Com isso estamos sempre disponíveis para considerar sem limite esta caminhada. Se é para andar para trás, obviamente não acompanharemos”, frisou Jerónimo de Sousa.

O líder comunista falava aos jornalistas após um comício no Barreiro, no distrito de Setúbal, onde confirmou a disponibilidade para continuar com a atual solução política, habitualmente chamada ‘geringonça’, mas não para mudar as suas posições, designadamente na contabilização de todo o tempo de serviço dos professores.

“Mantemos este posicionamento e disponibilidade, não podem é impor ao PCP que abdique das suas opções e do seu primeiro e principal compromisso que é do lado de quem trabalha, de quem trabalhou, do lado do povo português”.

Jerónimo de Sousa referiu também que ainda não percebeu “a totalidade da dramatização do Governo” e quais os seus objetivos, mas garantiu que a justificação orçamental “não é um argumento credível”.

“[O Governo] vem com esta dramatização, um bocado manipulando os números e a atirar com centenas de milhões de prejuízo para a economia nacional, para o Orçamento do Estado, de uma forma que eu diria capciosa, porque primeiro aceita os parâmetros da União Europeia, as imposições, visa reduzir a mata-cavalos o défice com custos, naturalmente, na indisponibilidade de verbas para resolver outros problemas”, defendeu.

Além disso, na visão de Jerónimo de Sousa, o Governo não está a considerar uma ideia central da proposta do PCP, que é o faseamento, enganando a opinião pública “quando diz que os professores querem tudo de uma vez”.

“Vêm com o argumento que os professores querem tudo ao mesmo tempo, mas o que esses setores reivindicam é o início de um processo de negociação de uma forma faseada, não é tudo ao mesmo tempo. O PCP tem uma proposta concreta em que num ano, dois, três ou até cinco, se for necessário, isso deve ser reposto”, sublinhou.

Em discurso para cerca de 50 militantes, o líder comunista classificou a opção do Governo como uma “jogada antecipada no plano eleitoral” e lembrou que além do pagamento aos professores, também a progressão de carreira deve ser devolvida às forças de segurança e ao setor da justiça.

A aprovação da recuperação integral do tempo de serviço congelado para os professores, em comissão parlamentar de educação, levou o primeiro-ministro, António Costa, a anunciar na sexta-feira que o Governo se demitiria caso o parlamento aprovasse esta mudança em plenário, uma vez que ficaria “comprometida a governabilidade presente”.