"A estabilidade política foi uma escolha dos portugueses nas eleições, nas urnas, e nós temos obrigação de respeitar esse desejo", considerou Eurico Brilhante Dias, no debate do Programa do XXIII Governo Constitucional, na Assembleia da República.
O líder da bancada socialista congratulou-se por o Programa do Governo corresponder "no essencial" ao programa eleitoral com que o PS se apresentou às legislativas antecipadas de 30 de janeiro, nas quais conseguiu uma maioria absoluta de 120 deputados.
Segundo Eurico Brilhante Dias, os socialistas serão uma "maioria absoluta dialogante, que quer continuar a dialogar com a direita democrática e com a esquerda", mas que "tem um programa eleitoral para defender, tem um compromisso para honrar".
"Este programa será executado durante quatro anos e meio, quatro anos e meio que queremos, que somos capazes de oferecer, quatro anos e meio de estabilidade política", acrescentou.
O líder parlamentar do PS reforçou a ideia de que é um dever assegurar a estabilidade nesta legislatura, tendo em conta o resultado das legislativas: "É uma resposta que devemos dar ao conjunto da cidadania portuguesa. E por isso este partido, esta bancada está aqui para garantir as condições objetivas que o povo português quis dar ao PS".
Referindo-se ao chumbo do Orçamento do Estado para 2022 e à campanha para as legislativas antecipadas de 30 de janeiro, Eurico Brilhante Dias disse que "à esquerda foi impossível garantir na XIV Legislatura" estabilidade política, e que "à direita foi impossível de construir".
"Diria mais: se à esquerda aquilo que se passou na XIV Legislatura acabou por demonstrar que não estariam preparados para os momentos mais difíceis e mais turbulentos da governação, a verdade é que à direita, senhores deputados, bailar, 'flirtar', insinuar que a extrema-direita podia ser parte de uma maioria parlamentar não foi grande alternativa, e os portugueses chumbaram essa solução", sustentou.
De acordo com o socialista, "perante a tormenta, perante a turbulência, os portugueses escolheram a confiança, a confiança numa liderança, a confiança num partido central do sistema político português, a confiança num programa".
Dirigindo-se ao presidente do PSD, Rui Rio, observou: "Os portugueses, senhor deputado Rui Rio, tinham alternativas, que não escolheram, e acreditamos que também não vão escolher numa segunda volta".
A seguir, o primeiro-ministro felicitou os deputados do PS "pela vitória que tiveram nas últimas legislativas".
António Costa considerou que a maioria absoluta que o PS conseguiu nas legislativas de 30 de janeiro representa "uma responsabilidade única e uma oportunidade histórica" e demonstra que "o país não queria nenhuma crise política e o país de todo em todo não se revê naquilo que é o sentimento sempre alimentado pela bolha político mediática".
"Afinal o país não estava farto nem de mim nem do PS, afinal eu não estava propriamente cansado e a verdade é que o país não só não desejava mudar como, pelo contrário, desejava continuar e garantir estabilidade à continuidade do trabalho que iniciámos em novembro de 2015. Que ideia em que esta realidade assenta tão distinta daquilo que é o que se ouve nestas bancadas parlamentares, daquilo que ecoa nos comentadores, daquilo que parece ser a opinião dominante", prosseguiu.
"Ficaram surpreendidos com a vontade dos portugueses, por uma razão muito simples: entre o que pensam e o que pensam os portugueses vai um mundo de distância, essa é que é a grande realidade", concluiu António Costa.
(Artigo atualizado às 17:32)
Comentários