É "uma perda" importante para a comunidade luso-americana do vale central, disse à Lusa o criador e produtor do programa, Diniz Borges, já que uma parte desta comunidade ainda fala maioritariamente português.
O fim da emissão foi provocado pela venda do canal 49 - KNXT, que pertencia à diocese católica do vale de São Joaquim, a uma entidade privada que utilizará a frequência em formato retransmissor e sem programação própria.
"É mais uma voz portuguesa local que se perde", afirmou o responsável, professor na Universidade Estadual da Califórnia, Fresno, e presidente do Instituto Português Além-Fronteiras.
"Apesar de a comunidade estar diferente do que era há trinta anos, ainda era essencial porque era uma voz da comunidade local", disse.
O primeiro programa "Os Portugueses no Vale" foi para o ar em fevereiro de 1990, abordando temáticas e personalidades locais ligadas à diáspora, sendo feito em inglês apenas quando os entrevistados luso-americanos não falavam português.
Diniz Borges sublinha que o canal 49, em emissão aberta, "tinha uma potência extraordinária", alcançando residentes desde o norte do vale, em Merced, até Bakersfield, uma distância geográfica de quase 300 quilómetros.
"O programa vai cessar a não ser que encontremos alguma alternativa. Existem algumas, mas nenhuma em antena livre como esta", explicou o produtor.
As alternativas estão a ser estudadas com algumas associações portuguesas e com o recém-criado Instituto Português Além-Fronteiras, mas tal não passará pelas ondas televisivas em antena aberta, o que era precisamente a vantagem para a população local, uma vez que "o canal 49 não exigia cabo, apanhava-se com uma antena normal".
Vários programas em língua portuguesa chegaram a estar na televisão de antena aberta norte-americana no final dos anos sessenta e início da década de setenta, mas nenhum de longa duração, o que torna "Os Portugueses no Vale" no mais antigo ainda em emissão.
"O que vamos perder é uma parte das gerações anteriores, essa gente é que precisava do canal 49", sublinha Diniz Borges.
"Embora toda a gente tenha RTP e os canais que vêm de Portugal, em termos de voz local a comunidade idosa vai perder mais, porque são aqueles que falam português", concluiu.
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