À Lusa, o grupo espanhol confirmou que o PIP já foi apresentado, não adiantando, contudo, qual a área total do projeto que está, dependente, sublinham, da conclusão do Pedido de Informação Prévia.
"Será, posteriormente e em função das possibilidades que daí resultarem, que exploraremos as várias opções de formato para aquela localização, sendo certo que o nosso objetivo é a valorização do local", afirmou o El Corte Inglês em resposta a um pedido de esclarecimento.
Questionado sobre os prazos para arranque e conclusão do projeto, o grupo espanhol preferiu "não se pronunciar".
Também a autarquia confirmou hoje à Lusa, que, em relação ao projeto do El Corte Inglés "já receber um PIP, que está agora a ser analisado".
No início do mês de outubro, numa resposta escrita, a cadeia espanhola frisava que o terreno na Boavista, no Porto, onde a empresa espanhola queria instalar em 2003 uma loja, "é uma localização estratégica" que "continua a fazer sentido do ponto de vista comercial".
À data, a empresa assegurava estar a trabalhar no sentido de apresentar um projeto, precedido do necessário pedido de informação prévia que lhe permitisse avaliar as possibilidades para aquele local, reafirmando que "o Porto é uma cidade vibrante onde o comércio de qualidade pode ser um motor de progresso".
A intenção do grupo espanhol de retomar o projeto de 2003 levou à criação de uma petição online que desde a sua criação, em 27 de setembro, conta com já 3.897 subscritores, até às 19:30 de hoje.
No texto dirigido ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, defende-se a criação de um jardim público no terreno no qual há a intenção de construir mais um centro comercial.
"A Câmara Municipal do Porto prepara-se para aprovar a construção de mais um centro comercial El Corte Inglês no terreno descampado da antiga estação ferroviária da Boavista, junto ao Metro da Casa da Música. Reivindicamos que este espaço seja projetado para responder à necessidade há muito tempo sentida pelos residentes e utilizadores desta zona da Boavista de terem um espaço verde, para usufruto público, de adultos e crianças", lê-se na petição.
O documento refere que mais um centro comercial, também com valências de hotelaria e ginásio", de acordo com o que foi avançado, em julho, pelo vereador da Economia, Turismo e Comércio, Ricardo Valente, "é absolutamente desnecessário nesta zona que já está repleta de centros comerciais, unidades hoteleiras e ginásios".
Já em outubro, num texto de apoio àquela petição, a Associação Campo Aberto desafiou a Câmara do Porto a escolher entre "atafulhar" a cidade ou ter a coragem de "arborização" os espaços que restam, sublinhando que nada a obrigada a aprovar um El Corte Inglés na Boavista.
Num comunicado publicado na sua página oficial, a Campo Aberto, defendia que mesmo que o Plano Diretor Municipal (PDM) em vigor atribua capacidade construtiva ao terreno, o município não é obrigado a licenciar construções naquele espaço, se em causa estiveram, como é o caso, argumenta a associação, o superior interesse da população.
O caso levou também o Bloco de Esquerda a emitir um comunicado, no dia 15 de outubro, onde denuncia a falta de transparência sobre contratos entre a Infraestruturas de Portugal e o El Corte Inglés que estendem até 2021 a opção de compra do terreno na Boavista.
À data, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) revela que solicitou à Infraestruturas de Portugal (IP), a 29 setembro, "a disponibilização da cópia do contrato inicialmente celebrado em 2000 entre o El Corte Inglés e a ex-Refer, e ainda dos ?acordos adicionais' que o renovaram sucessivamente desde 2013 até 2021", não tendo obtido resposta até àquele momento.
"O Bloco considera extremamente preocupante esta falta de informação e transparência sobre os contratos celebrados entre a Infraestruturas de Portugal e o El Corte Inglés, assim como a manifesta ausência de discussão pública sobre o projeto que se prevê para aquela zona da cidade do Porto, e sobre o qual a Câmara Municipal também se deveria pronunciar, em defesa da cidade", lia-se no comunicado.
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