Questionado pelos jornalistas após receber o prémio, o responsável pelo projeto Ciência em Comunidades Migrantes, Afonso Bento, disse que receber o prémio, que tem um valor monetário de 30 mil euros, significa continuar a “ter a capacidade de tornar a ciência acessível para diferentes comunidades migrantes”.
“Nós não trabalhamos só com a comunidade portuguesa, ou seja, o que nós fazemos é unir cientistas e crianças que são da mesma comunidade migrante, por toda a Europa”, acrescentou, falando numa rede que ultrapassa os 3.000 cientistas.
O projeto, que além de Braga tem sede em Londres, onde foi fundado por Joana Moscoso e Tatiana Correia, foi um dos 15 premiados a nível europeu, tendo sido galardoado no tema “Reconquistar um Sentimento de Pertença”, inserido na categoria “Campeões da Educação”.
O Native Scientists leva cientistas de comunidades emigrantes a escolas, incentivando os alunos das respetivas comunidades a experimentar e falar sobre ciência em oficinas na sua língua de herança, contrariando desvantagens educativas e socioeconómicas de uma aprendizagem na língua do país de acolhimento.
“Sabemos que as crianças que são descendentes de pais emigrantes normalmente têm menos acesso a este tipo de atividades”, salientou o responsável.
Afonso Bento, que estava acompanhado por Luísa Dutra, adjunta da coordenação de ensino de português no estrangeiro para a Bélgica e Países Baixos do Instituto Camões, destacou também o trabalho da entidade que tem apoiado a Native Scientists.
Para a responsável do Camões, a Native Scientists “é uma forma das crianças ouvirem falar de ciência em português, de terem a possibilidade de participarem em experiências, e isso são oportunidades ótimas”.
Quanto ao reforço do programa da Native Scientists, por exemplo, na Bélgica, a responsável disse estar a trabalhar com o projeto “de forma a identificar cientistas que estejam disponíveis a participar”, ao contrário do que sucede, por exemplo, nos Países Baixos.
Para Afonso Bento, não há um motivo em especial para tal não acontecer na Bélgica, até porque “já aconteceu no passado”, sendo “uma questão de circunstância”, já que a Native Scientists trabalha com voluntários, “e é preciso haver cientistas que têm tempo e vontade para se dedicarem a fazer estes workshops”.
“Nós estamos sempre à procura de expandir a nossa rede e de chegar a mais comunidades migrantes, não só portuguesas mas também portuguesas”, concluiu.
Em entrevista à Lusa na quarta-feira, Afonso Bento e Joana Moscoso tinham dito que a Native Scientists pretendia cimentar a sua profissionalização a partir de Braga e Londres, as suas duas sedes.
Para os prémios Novo Bauhaus Europeu estavam também nomeados os projetos nacionais Casas e Lugares do Sentir (Fundão, distrito de Castelo Branco), Reabilitar Troço-a-Troço (Santarém), Uma casa é uma montanha é um chapéu (Lisboa), o programa Atlantis (Sesimbra, distrito de Setúbal) e o projeto Global Field, (Odemira, distrito de Beja).
Os galardões Novo Bauhaus Europeu visam distinguir projetos ambientais, económicos e culturais que combinem sustentabilidade, acessibilidade de preços e investimento, para enquadrar a transição climática e a mudança cultural, como propõe o Pacto Ecológico Europeu, tendo este ano sido selecionados 61 finalistas.
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