Em declarações à agência Lusa, Gonçalo Morais da Fonte, advogado de um dos arguidos, adiantou hoje que o juiz de instrução do tribunal de Viana do Castelo aplicou ainda aos "os promotores bancários a proibição de contacto entre si e de exercício da atividade bancária".
Os quatro arguidos começaram a ser presentes a um juiz na quinta-feira à tarde. As medidas de coação foram conhecidas ao início da tarde de hoje.
Fonte judicial adiantou à Lusa que, dos quatro arguidos, "apenas um prestou declarações ao juiz, sendo que a meio do interrogatório decidiu remeter-se ao silêncio".
Aquela fonte acrescentou que, "na quinta-feira, na sequência da detenção dos quatro homens”, pela Polícia Judiciária (PJ) de Braga, "foram apresentadas algumas dezenas de queixas de clientes lesados".
Na quinta-feira, em conferência de imprensa, o coordenador da PJ de Braga, António Gomes, disse que os quatro promotores bancários, com idades entre os 37 e os 55 anos, poderão ter prejudicado cerca de 80 clientes, provocando um prejuízo de vários milhões de euros.
Segundo António Gomes, até ao momento já foram identificadas oito vítimas, ascendendo o prejuízo a mais de 1,6 milhões de euros.
"Mas o número de lesados pode atingir os 80", referiu o responsável, aludindo à consequente "multiplicação" dos prejuízos.
Aquelas quatro pessoas foram detidas na quarta-feira, no distrito de Viana do Castelo, por suspeitas de autoria de crimes de burla qualificada, associação criminosa, falsificação de documentos e abuso de confiança.
Em comunicado, a PJ adiantou que os quatro detidos desenvolveram durante anos, na zona do distrito de Viana do Castelo, "atividade de promoção bancária, a coberto da qual terão praticado os crimes".
Segundo uma outra fonte ligada ao processo, um dos arguidos é o presidente da Junta de Freguesia da Ribeira, concelho de Ponte de Lima, e outro preside à direção da Associação Empresarial de Ponte de Lima.
António Gomes escusou-se, no entanto, a confirmar estes cargos, sublinhando que não foi no exercício deles que os arguidos agiram e que, como tal, isso não é relevante para a investigação.
Os arguidos atuavam no distrito de Viana do Castelo e angariavam clientes para o Deutsche Bank.
Prometiam-lhes investimentos seguros e de risco baixo ou nulo, com juros "muito elevados", mas acabavam por investir o dinheiro em produtos financeiros de "elevadíssimo risco".
Muitas vezes recebiam dos clientes "dinheiro vivo", apesar de, como promotores bancários, estarem proibidos de o fazerem.
As vítimas eram, por norma, idosos e pessoas de baixa escolaridade, incluindo iletrados.
Os arguidos emitiam documentos com os logótipos do banco, em que faziam constar que o dinheiro estava investido no que havia sido acordado com os clientes.
A atividade criminosa decorreria desde 2008, mas, entretanto, alguns lesados apresentaram queixa no Ministério Público, originando uma investigação pela PJ que começou há oito meses.
Os arguidos foram detidos na sequência de 13 buscas e no cumprimento de mandados de detenção emitidos pelo Ministério Público de Viana do Castelo.
Nas buscas, foram apreendidas seis viaturas de gama alta, dinheiro e prova documental e digital.
A PJ prossegue, entretanto, com a investigação, nomeadamente para identificar o destino dado pelos arguidos ao dinheiro.
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