A decisão foi tomada na sessão que teve lugar esta tarde no Tribunal do Fundão e durante a qual foram colocadas em cima da mesa duas possibilidades, nomeadamente a de avançar para o encerramento definitivo e liquidação dos bens ou, em contrapartida, optar pelo adiamento de uma decisão para que as propostas pudessem ser fortalecidas.
A maioria dos representantes dos credores votou a favor do prolongamento do prazo, que deverá possibilitar aos interessados fundamentar as propostas nomeadamente ao nível dos mecanismos financeiros.
Na sessão de hoje, o administrador de insolvência, João Gonçalves, explicou que existem duas propostas formais e mais duas manifestações de interesse, mas que todas precisam de ser consubstanciadas ao nível do modelo de financiamento.
Explicou que uma delas só está a aguardar pela aprovação das linhas financiamento, informação que foi confirmada pelo próprio investidor, Vítor Madeira Fernandes, que marcou presença na sessão.
O empresário, que é proprietário da empresa Outfit 21, sediada em Leiria, explicou aos credores que é sua intenção ficar com a empresa e respetivos trabalhadores e que pretende começar a laborar “tão rápido quando possível”.
Já os nomes do autor da outra proposta e dos eventuais interessados não foram revelados porque foi solicitada pelos mesmos a reserva dessa informação, como foi explicado.
Colocadas à votação a possibilidade de encerramento ou o adiamento da decisão, maioria dos credores votou pelo reagendamento da sessão para o dia 26, apesar de uma instituição bancária ter votado contra por considerar que se está a “adiar o inevitável”.
Já os representantes dos trabalhadores mostraram-se preocupados, quer com a manutenção dos postos de trabalho, quer com os salários de outubro, para os quais ainda não há garantias de pagamento.
À saída da reunião essa preocupação foi repetida pela presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa, Marisa Tavares, que, todavia, também considera importante que se procure uma solução para viabilizar a empresa.
Marisa Matias reiterou o apelo para que o Ministério da Economia assuma a “responsabilidade acrescida sobre este processo” e tome “as medidas necessárias para que a empresa e os postos de trabalho sejam salvaguardados”
Por seu turno, Justina Lopes, representante dos trabalhadores, assumiu estar dividida entre a esperança e a preocupação com a falta de garantias para o mês de outubro.
“Fiquei com uma esperança, mas a esperança não governa ninguém e fiquei muito preocupada porque este mês ninguém nos garante os salários”, frisando que há pessoas que vão passar dificuldades principalmente aquelas que não têm outra fonte de rendimento e têm as despesas para pagar.
Fundada em 1965, em Alcains, no concelho de Castelo Branco, por quatro alfaiates que uniram os seus conhecimentos, a Dielmar, que empregava atualmente mais de 300 trabalhadores, pediu a insolvência ao fim de 56 anos de atividade, uma decisão que a administração atribuiu aos efeitos da pandemia de covid-19.
A Dielmar pediu a insolvência no passado dia 02 de agosto, tendo o Juízo de Comércio do Fundão da Comarca de Castelo Branco declarado a insolvência da empresa no dia seguinte.
Depois da rescisão de contratos para os trabalhadores das lojas e da não renovação dos contratos a termo, a empresa terá ainda cerca de 245 trabalhadores e uma massa salarial de cerca de 200 mil euros mês, segundo informou o administrador de insolvência, revelando ainda que só a conta de energia é de cerca de cinco mil euros, mesmo com a empresa fechada.
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