A ANPC recorda que, em 06 de setembro, o presidente daquela entidade, Joaquim Leitão, esteve numa reunião com peritos da Comissão Técnica Independente (CTI) João Guerreiro e Francisco Rego: “A audição do Presidente da ANPC constou da apresentação de uma reflexão escrita e entregue em formato papel sobre o sistema de proteção civil, que versou unicamente os aspetos sistémicos do setor”, refere a ANPC, garantindo que na reunião “não foi abordada qualquer questão relativamente ao Incêndio de Pedrógão Grande”.
Na audição, Joaquim Leitão esteve acompanhado pelo Comandante Operacional Nacional (CONAC), pelo 2.ºCONAC e pelos Comandantes de Agrupamentos Distritais (CADIS) Belo Costa e Miguel Cruz, “que nunca falaram sobre qualquer questão operacional”.
Segundo a ANPC, na reunião, o CONAC interveio a pedido de Joaquim Leitão, “apenas para esclarecer uma questão que tinha a ver com a formação e organização da FEB [Força Especial de Bombeiros], e o 2.º CONAC, o mesmo em relação ao GIPS [Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro]/GNR” e “os CADIS Belo Costa e Miguel Cruz não falaram”.
“Na presença do Presidente da ANPC, os Senhores CONAC, 2º CONAC e CADIS não foram ouvidos ou consultados nas especificidades da operação”, acrescenta.
O presidente CTI que analisou o que se passou no incêndio de Pedrógão Grande, João Guerreiro, garantiu na quinta-feira que foram ouvidos os cargos de topo da Proteção Civil e que tudo o que está no relatório "está bem documentado", depois de ter sido divulgado um documento elaborado pela ANPC, enviado para o Ministério da Administração Interna, no qual esta entidade aponta "omissões graves", erros e contradições ao relatório da comissão independente e, como exemplo, diz que ninguém de topo do comando nacional da ANPC foi ouvido ou contactado pelos peritos da comissão.
"Não há qualquer dúvida sobre o que está no relatório da comissão técnica independente (...) nós fizemos entrevistas a quase 180 pessoas, analisamos documentação diversa, muita dela fornecida pela própria ANPC", afirmou João Guerreiro.
De acordo com a TSF, o documento com as críticas enviado pela ANPC ao MAI contesta quase 30 pontos do relatório da comissão independente e diz que "as falhas apontadas, na prática, ou não existiram ou se traduzem em situações decorrentes da complexidade" do fogo de Pedrógão, que fez 64 mortos e mais de 250 feridos.
A ANPC diz que o relatório da comissão tem "erros e omissões na análise dos factos que geram inclusivamente contradições de referência, confundindo as conclusões a reter" e considera que há partes do relatório que têm "o propósito claro de levar o leitor, cidadão comum, desconhecedor dos meandros da resposta operacional, a formular o juízo de que houve inépcia e inoperância do Comando Nacional de Operações de Socorro".
No documento enviado ao MAI, a ANPC pede que este seja tornado público, “por respeito às vítimas e ao bom nome da instituição e dos seus operacionais".
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