“Contamos conseguir dar o incêndio como dominado nos próximos dois dias”, disse em conferência de imprensa o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes, na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, Oeiras (Lisboa).

Segundo André Fernandes, “o incêndio continua bastante fragmentado” mas já a partir da próxima madrugada haverá “uma janela de oportunidade” para dominar o fogo que já esteve dominado mas reativou-se com intensidade.

André Fernandes disse que é esperada uma melhoria nas condições meteorológicas, “sendo expectável” nomeadamente “que o vento perca a intensidade” e que “a humidade relativa do ar suba substancialmente”.

Pelas 19:00 este incêndio era combatido por 1.295 operacionais, 400 veículos e 17 meios aéreos.

“Nesta ocorrência tivemos um acidente com um veículo tanque dos Bombeiros Voluntários de Carnaxide, de um grupo de reforço de Lisboa, do qual resultaram dois feridos leves, que foram transportados para unidade hospitalar e não apresentam cuidados de maior”, disse André Fernandes.

O comandante nacional da ANEPC disse ainda que este incêndio já motivou a assistência a 63 feridos, dos quais 21 foram considerados feridos ligeiros, e onde se incluem os dois bombeiros acidentados hoje, três feridos graves e outras 39 pessoas assistidas.

Na serra da Estrela estão neste momento 18 grupos de reforço de bombeiros, estando também empenhada a força especial de Proteção Civil com 160 operacionais, não só operacionais bombeiros, mas também equipas de análise e de apoio à coordenação estratégica, e 14 máquinas de rasto foram mobilizadas para o terreno, adiantou o comandante nacional.

Questionado sobre se o forte aumento das temperaturas esperado para o final da semana pode manter no terreno o elevado número de operacionais que combatem o fogo da serra da Estrela, André Fernandes disse que “o dispositivo vai ficar no terreno até haver condições para poder sair, o que não significa que não haja flutuações no número de operacionais no dispositivo”, separando o que é o dispositivo de cerca de 13 mil operacionais em todo o país para o combate a incêndios rurais de eventuais reforços localizados consoante a análise de risco.

O número de pessoas retiradas pelas autoridades mantém-se em 45 e mantém-se também o registo de danos em habitações, com duas danificadas pelo fogo, sendo uma de primeira habitação e uma de segunda habitação.

André Fernandes referiu ainda que a estrada nacional 18, a 18-1 e as municipais 619 e 501 estão “com cortes de via à circulação civil” na zona da serra da Estrela.

As estimativas da ANEPC apontam também para uma área ardida no dia de hoje inferior à de segunda-feira.

“Significa que aquilo que foram os trabalhos que tiveram início do dia de ontem e a consolidação dos mesmos permitiu reduzir a intensidade ou a velocidade de propagação do incêndio, o que também dá uma janela de oportunidade e aponta para uma possível oportunidade durante a noite para estabilizar ainda mais o incêndio”, disse André Fernandes.

O comandante nacional referiu três prioridades definidas no combate a este incêndio: a primeira “na frente Sul, mais ativa, voltada à localidade da Quinta da Atalaia”; a segunda “a consolidação da frente Este, da Guarda para o concelho da Covilhã, que está ancorada nos campos agrícolas existentes nesta zona” e onde importa durante a noite consolidar o incêndio; e a consolidação e extinção da frente Norte, voltada às localidades de Meios e de Trinta”, na Guarda.

Questionado sobre queixas de falta de meios de combate em algumas localidades, André Fernandes defendeu que os meios estão posicionados de acordo com as prioridades de ação e que são “os necessários” para a defesa das localidades e fazer face ao incêndio, com os ajustes decididos a cada momento pelo comandante de operações de socorro, de acordo com a evolução do incêndio.

“O sucesso dessa operação tem sido notório”, disse André Fernandes, sublinhando a ausência de vítimas mortais e o reduzido impacto em habitações e edificado.

Sobre as três ignições em simultâneo e em pontos distintos que levaram à reativação com intensidade deste incêndio, André Fernandes insistiu que não é possível ainda explicar as causas e que isso será alvo de investigação.

O comandante nacional terminou a conferência de imprensa com palavras de solidariedade para operacionais e civis feridos no incêndio e de “reconhecimento e confiança no dispositivo que está no terreno”.

[Notícia atualizada às 20h28]