Em Beirute, vários confrontos eclodiram entre as forças de segurança e manifestantes que protestavam nas proximidades da residência do embaixador francês na capital libanesa contra a posição de Paris sobre a publicação de caricaturas do profeta Maomé.
Após as tradicionais orações de sexta-feira numa mesquita próxima da zona, cerca de 200 manifestantes marcharam em direção à residência do diplomata francês, ostentando bandeiras negras com a inscrição ‘chahada’, profissão de fé muçulmana.
Dezenas de elementos das forças antimotim foram enviadas então para o local com o objetivo de impedir que a manifestação, organizada pelo pequeno partido islamita Hizb al-Tahir, avançasse para a residência do embaixador de França.
Alguns manifestantes começaram a lançar pedras em direção aos agentes da polícia, que ripostaram com granadas de gás lacrimogéneo.
As manifestações de protesto contra Macron estenderam-se também a todo o território palestiniano, desde Jerusalém a Gaza, passando pela Cisjordânia, com milhares nas ruas a criticarem o que consideram ser “os abusos contra o profeta Maomé”, com bandeiras a cartazes com o rosto de Macron.
Em Jerusalém, milhares de palestinianos manifestaram-se na Esplanada das Mesquitas após terminarem as orações do meio-dia na Mesquita de Al Aqsa e pelo menos três foram detidos pela polícia, segundo noticiou o jornal digital Times of Israel.
“Com as nossas almas e o nosso sangue iremos sacrificar-nos pelo profeta Maomé”, foi uma das palavras de ordem nos protestos.
“Não há nenhum deus além de Deus. Macron é inimigo de Deus” ou ainda “Maomé, a tua nação não vai ceder”, gritaram os manifestantes na Esplanada das Mesquitas, um dos locais mais sagrados do Islão.
No seu sermão, o xeque Ekrima Sabri responsabilizou o Presidente francês “pelos atos de violência e caos em França por causa das suas declarações provocatórias contra o Islão”, numa referência a vários ataques mortais perpetrados recentemente na França, incluindo o de quinta-feira numa basílica católica de Nice (sul).
Centenas de outros palestinianos marcharam também em Kufar Aqab, o bairro árabe de Jerusalém, bem como no campo de refugiados de Qalandia, na Cisjordânia, onde incendiaram bandeiras de França e cartazes com a efígie de Macron.
Em Gaza, os protestos foram convocados pelo movimento islamita Hamas, que governa o enclave palestiniano, e decorreram em várias zonas do território, com o maior a registar-se no campo de refugiados de Yabalia, norte, também depois de terminadas as orações.
Os manifestantes entoaram canções de louvor a Maomé e gritaram palavras de ordem contra os abusos que consideram que a França está a cometer.
O Hamas instou também todos os palestinianos, árabes e muçulmanos, a unirem-se na campanha internacional de boicote aos produtos franceses.
“Pedimos às nações árabes e islâmicas de todo o mundo que se unam para enfrentar este assalto criminoso contra o nosso profeta”, afirmou Fathi Hamad, líder do Hamad em Yabalia.
“Os abusos contra o profeta Maomé em França provocam danos à doutrina de dois mil milhões de muçulmanos em todo o mundo”, sublinhou Hamad, indicando que o boicote aos produtos franceses “é o mínimo que o povo pode fazer para apoiar” a causa.
Os partidos islâmicos convocaram manifestações contra a França após o apoio de Macron à liberdade de publicação de caricaturas, dado durante uma homenagem ao professor francês Samuel Paty, decapitado em 16 de outubro por um checheno-russo, após ter exibido caricaturas de Maomé durante uma aula sobre liberdade de expressão.
Esses partidos também criticam os comentários de Macron quando este referiu no início de outubro que o Islão está “em crise”.
Quinta-feira, após um ataque a uma igreja católica em Nice, que deixou três mortos, Macron denunciou o ato como “um ataque terrorista islâmico”.
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