“Condenamos o uso de um discurso de incentivo ao ódio e de justicialismo público, por parte do PAN, que criaram um contexto promotor de violência, como ontem [na quinta-feira] sucedeu, com insultos e agressões, por vezes em frente a crianças, insultadas e intimidadas junto com os pais”, refere em comunicado a Protoiro, reagindo aos protestos ocorridos junto à praça de touros do Campo Pequeno.
Cerca de 1.500 pessoas estiveram concentradas na quinta-feira junto à praça de touros do Campo Pequeno, em Lisboa, em protesto contra as touradas e à homenagem ao cavaleiro João Moura, gritando palavras de ordem como “assassinos” ou “vergonha”.
A porta-voz do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Inês Sousa Real, marcou presença na manifestação e, em declarações aos jornalistas, defendeu que “é absolutamente revoltante que o setor tauromáquico tenha feito esta homenagem, ainda para mais uma homenagem que se diz ser mundial”, apontando que “este não é o cartão de visita” de Portugal.
“Homenagear alguém que já faz a sua vida a sacrificar animais na arena é absolutamente incompreensível, mas mais incompreensível ainda quando se trata de alguém que tem contra si um processo-crime a correr por maus-tratos a animais de companhia, nomeadamente 18 galgos que foram deixados a morrer à fome”, frisou.
Em fevereiro do ano passado, João Moura foi detido na sequência do cumprimento de um mandado de busca à sua propriedade, em Monforte, que resultou, ainda, na apreensão de 18 cães subnutridos.
No comunicado, a Protoiro acusa o PAN de desrespeitar os “mais básicos princípios de um Estado de Direito democrático, como a presunção de inocência até existência de uma sentença transitada em julgado, embarcando num julgamento em praça pública, impróprio de democratas”.
Segundo a Federação Portuguesa de Tauromaquia, o PAN fez um “aproveitamento político” e “transformou um caso de justiça” numa “tentativa de ataque à cultura tauromáquica e aos valores de tolerância e respeito pela liberdade e diferença de pensamento”.
No comunicado, a organização condena “a violência, insultos, vandalismos, intimidações e agressões que foram realizadas pelos manifestantes, atacando cidadãos e famílias, muitas vezes na presença de crianças, numa demonstração de ódio e total ausência de civismo”, elogiando “a forma ordeira, pacífica e civilizada com que os aficionados suportam estas demonstrações de violência”.
Durante a manifestação, como constatou a Lusa, houve alguns momentos de tensão entre manifestantes e pessoas que se deslocaram ao Campo Pequeno para assistir à tourada de homenagem a João Moura, mas foram rapidamente resolvidos com a intervenção de agentes da PSP.
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