“Há uma expressiva maioria da direita no Parlamento dos Açores e, no caso concreto do PS Açores, foi-nos entregue a função de principal partido da oposição”. Diz Vasco Cordeiro referindo que "a democracia é um processo de escolhas".

O PS/Açores vai votar contra o Programa do Governo da coligação PSD/CDS-PP/PPM, que venceu no domingo as eleições regionais sem maioria absoluta, anunciou hoje o líder do partido, Vasco Cordeiro.

Uma vez, segundo o próprio, que tem o "dever" de  respeitar a vontade dos Açorianos. A “vontade do povo açoriano não pode ser atropelada pelo interesse político passageiro, a tática partidária interesseira ou o serviço a interesses externos à Região e à Autonomia”. Principalmente quando estão em causa "opções estruturantes".

E, por isso, não irá votar a favor da coligação, acrescenta que "a direita e a extrema direita são ameaça" e as culpadas pela instabilidade, e não o PS.

“O dever e a obrigação democráticos que recaem sobre o PS-Açores são, os de afirmar, por propositura, ou por reação às propostas de outros, as diferenças do nosso projeto político, sobretudo, quando estão em causa opções estruturantes como aquelas que devem constar de um qualquer Programa de Governo”. E não tem dúvidas de que os "apelos da coligação são uma armadilha política", não vai permitir que a presença do Chega sirva como moeda de chantagem. "O PSD açores não vai ceder à chantagem do Chega, mas o PS Açores tem que ceder à chantagem do PSD".

"Há política nacional a mais e Açores a menos na gestão que a coligação PSD/CDS-PP/PPM e Chega estão a fazer da situação resultante das eleições de 04 de fevereiro. Também por isso há a necessidade de tornar clara a posição política que o PS/Açores assume face ao Programa do XIV Governo Regional, porque fazê-lo já é um sinal claro de respeito pela autonomia dos Açores, mas, não menos importante, a reafirmação evidente da autonomia de decisão do PS/Açores", afirmou o líder do PS/Açores, em conferência de imprensa em Ponta Delgada.

A decisão foi tomada por unanimidade na reunião do Secretariado Regional e na reunião da Comissão Regional, órgão máximo entre congressos, realizadas na quinta-feira, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.

Segundo o líder dos socialistas açorianos, "com os seus silêncios, e mais uma vez as expressões dúbias ou dúplices", o PSD e o Chega estão a tratar o futuro dos Açores "não em função do interesse dos açorianos, mas em função do que interessa aos diretórios nacionais desses partidos", designadamente as eleições legislativas antecipadas de 10 de março.

Nas eleições regionais de domingo, PSD/CDS-PP/PPM elegeram 26 deputados, ficando a três da maioria absoluta.
José Manuel Bolieiro, líder da coligação de direita, no poder no arquipélago desde 2020, disse que irá governar com uma maioria relativa nos próximos quatro anos.

O PS é a segunda força no arquipélago, com 23 mandatos, seguido pelo Chega, com cinco mandatos. BE, IL e PAN elegeram um deputado regional cada, completando os 57 eleitos.

*Com Lusa