O debate agendado para hoje no parlamento pelo PS sobre o fim de portagens nas antigas SCUT — cujo projeto de lei deverá ser viabilizado graças ao voto a favor anunciado pelo Chega – está a ser marcado por trocas de acusações entre as bancadas, num ambiente tenso e com muitos apartes.
Na abertura do debate, o deputado do PS Jorge Botelho assegurou que os socialistas cumpriram nos últimos governos as propostas que colocaram nos seus programas eleitorais e fizeram uma redução gradual destas portagens, propondo “agora reduzir os 35% que faltam para a sua eliminação total” tal como inscrito no programa eleitoral das últimas eleições já na liderança de Pedro Nuno Santos.
“As vantagens da eliminação das portagens são muito evidentes e são fator de coesão social e territorial. Os custos estão estimados em 157 milhões de euros e estavam contabilizados no cenário macroeconómico que serviu de base ao último programa eleitoral do PS nas últimas eleições”, defendeu.
O socialista disse ficar à espera para ver como os restantes partidos “vão votar esta iniciativa e verificar o quanto são coerentes sobre o que têm dito nos últimos tempos”.
Quando Jorge Botelho usou a expressão coerentes da parte das bancadas à direita vieram muitos protestos.
Pelo PSD foram três deputados que fizeram pedidos de esclarecimentos ao deputado do PS nesta fase do debate, tendo Emília Cerqueira respondido sobre a questão da coerência que para “quem não tem vergonha todo o mundo é seu” e acusado o PS de irresponsabilidade ao não ter cumprido o que prometia quando era Governo e “na oposição valer tudo”.
Carlos Silva, do PSD, não poupou nas palavras e considerou tratar-se de um “ato de hipocrisia e demagogia pura”, para além de “imaturidade e incoerência política”, acusando os socialistas de “cambalhotas argumentativas” e perguntando a Pedro Nuno Santos porque é que, enquanto ministro das Infraestruturas, não aboliu estas portagens.
Pela IL, Carlos Guimarães Pinto respondeu a esta questão da coerência com o histórico do PS em votações sobre abolição de portagens, lendo os nomes das várias iniciativas ao longo dos anos e terminando, no final em coro com vários deputados da direita, com um “contra, contra, contra”.
Pelo CDS-PP, Paulo Núncio considerou que a “proposta do PS de eliminar as portagens deve ser inscrita no livro das maiores hipocrisias e falsidades deste parlamento”, acusando os socialistas de, enquanto Governo, não só não terem abolido as portagens como terem sempre votado contra.
Já Pedro Pinto, do Chega, acusou a IL de ser igual ao PS “na demagogia e na hipocrisia” e apontou “falta de vergonha deste PS” que quando estava no Governo dizia que era impossível esta eliminação e agora, na oposição, já diz ser possível.
“Os portugueses não merecem pagar portagens. (…) Este projeto de lei, sim, é bem-vindo, nós acompanhamos porque não temos nenhuma coligação negativa. A única coligação que nós temos é com os portugueses”, disse.
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