No final de um debate fixado pelo PSD, foram rejeitados os cinco projetos de resolução dos sociais-democratas — que pediam resoluções de problemas em áreas como a saúde, ordenamento do território, conectividade digital, acessibilidades e património — com votações variadas, mas todos com o voto contra do PS, isolado em quatro deles.
“Não sendo reformas de fundo — admitimos — assumia o propósito de assegurar o suporte de vida dos territórios e das populações do interior e melhorar a sua insuportável falta de qualidade de vida”, justificou o vice-presidente da bancada do PSD Luís Gomes, no encerramento da discussão.
O deputado do PSD terminou o debate a defender que “o país precisa de um novo Governo porque o PS já demonstrou que é incapaz de governar Portugal”.
Antes, a vice-presidente da bancada do PS Berta Nunes salientou que o Governo do PS aprovou um Programa de Valorização do Interior em 2020, que tem sido “sistematicamente avaliado e atualizado”.
“Este debate do PSD é uma tentativa de confundir e dizer que também estão empenhados nesse objetivo. Na verdade, é uma mixórdia de temáticas, que em nada abona em favor do maior partido da oposição, muitas destas propostas já estão a avançar no terreno”, afirmou.
Pelo Chega — que votou a favor de todas as recomendações do PSD, tal como a IL -, o deputado e presidente André Ventura considerou que tanto PSD como PS têm responsabilidades “no país a duas velocidades”.
“Ouvir o PS atirar culpas para a ‘troika’ quando são Governo há sete anos e não para de aumentar a clivagem entre o interior e o litoral é de uma enorme irresponsabilidade”, criticou.
João Cotrim de Figueiredo, pela IL, saudou o PSD pelo tema em debate, considerando que “o centralismo asfixiante e a macrocefalia de Lisboa” estão entre as principais razões do atraso do desenvolvimento do país.
“O interior tem de se tornar mais atrativo para morar, para investir”, disse, considerando que mais grave que o atual problema da seca para o interior “é a falta de ações concretas do PS”.
Pelo PCP, João Dias acusou o PSD de “amnésia” e de ter “desmantelado o Ministério da Agricultura”, enquanto a deputada do BE Isabel Pires lamentou que não tenham estado neste debate temas como a descentralização ou o Plano de Recuperação e Resiliência.
O deputado único do Livre, Rui Tavares, defendeu como exemplo de uma medida “que não custa dinheiro” e valorizaria as populações a criação de um círculo eleitoral nacional de compensação, lamentando que o mesmo seja rejeitado por PS e PSD, enquanto Inês Sousa Real, pelo PAN, acusou os sociais-democratas de trazerem “muito poucochinho” ao debate de hoje.
Durante a discussão, o presidente da Assembleia da República, Santos Silva, pediu ao PS para ser “económica nos apartes” — devido ao ruído durante uma intervenção do deputado Bruno Nunes, do Chega -, recordando que a conferência de líderes da véspera chegou a acordo que estes não podem ser “uma estratégia de interrupção do orador”.
André Ventura e a deputada do PS Isabel Guerreiro não resistiram a aludir à atividade de cantor do deputado Luís Gomes, que recentemente ganhou notoriedade pública com videoclipe em que participa a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco.
“O senhor deputado canta, canta, mas ainda não espanta”, disse a socialista, enquanto Ventura aludiu ao título da mais recente música, ‘Leva-me contigo’, para se referir às atuais relações entre o PS e o PCP, após o final da ‘geringonça’.
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