Numa nota divulgada pelo PS no final de uma reunião da Comissão Permanente deste partido, que se realizou apor videoconferência, José Luís Carneiro considerou que essas declarações de Wopke Hoekstra foram "irresponsáveis em relação ao projeto europeu e nocivas ao valor da solidariedade".

"O falhanço clamoroso da União Europeia na crise de 2008 conduziu a uma crise de confiança que ameaçou os seus fundamentos e deu força à demagogia e ao populismo de que já estamos a ser vítimas. Optar pelo egoísmo nacional e pelo caminho do salve-se quem puder, em detrimento dos valores fundadores da solidariedade europeia, como faz crer a posição do ministro das Finanças holandês, será um erro com consequências trágicas no projeto que nos garantiu a paz, o desenvolvimento e a justiça social", sustentou o "número dois" da direção do PS.

Numa videoconferência com homólogos dos 27, segundo fontes citadas na imprensa europeia, Hoekstra afirmou que a Comissão Europeia devia investigar países, como Espanha, que afirmam não ter margem orçamental para lidar com os efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus, apesar de a zona euro estar a crescer há sete anos consecutivos.

Na quinta-feira à noite, em conferência de imprensa após a reunião do Conselho Europeu, o primeiro-ministro, António Costa, qualificou como "repugnante" e contrária ao espírito da União Europeia essa declaração do ministro das Finanças holandês.

Para o primeiro-ministro português, a afirmação do ministro holandês "é uma absoluta inconsciência" e uma "mesquinhez recorrente" que "mina completamente aquilo que é o espírito da UE e que é uma ameaça ao futuro da UE".

"Se a União Europeia quer sobreviver é inaceitável que qualquer responsável político, seja de que país for, possa dar uma resposta dessa natureza perante uma pandemia como aquela que estamos a viver", afirmou António Costa.

José Luís Carneiro afirmou depois concordar com a posição assumida pelo primeiro-ministro, dizendo que está certo "ao exigir uma resposta europeia e global que dê resposta à pandemia, que injete liquidez na economia e nas empresas, que garanta o emprego e o rendimento das famílias".

Segundo o secretário-geral adjunto dos socialistas, a Comissão Permanente do PS salientou também "a importância da simplificação do regime de layoff, a decisão de se submeter à aprovação da Assembleia da República uma moratória relativa aos empréstimos bancários destinados à habitação e a decisão de se apoiar as famílias, empresas e demais entidades da economia social para assegurar o reforço de tesouraria e da sua liquidez".