“Em política não vale tudo. E esta comparação que é feita, ou qualquer comparação que fosse feita entre um democrata, um homem progressista como é o primeiro-ministro de Portugal e secretário-geral do PS, António Costa, com um ditador de má memória no nosso país, é profundamente indecorosa e desrespeitosa e é uma crítica tão gratuita que não respeita a história do PSD”, afirmou João Torres, em declarações à agência Lusa.
O dirigente socialista referia-se a uma intervenção do vice-presidente do PSD António Leitão Amaro na Universidade de Verão - iniciativa social-democrata de formação de jovens quadros - em Castelo de Vide, Portalegre. Leitão Amaro afirmou que algumas soluções propostas pelo primeiro-ministro para a habitação são comparáveis às de António de Oliveira Salazar.
O secretário-geral adjunto do PS considerou a crítica "infeliz" e “profundamente injusta e inaceitável”, mas recusou que o partido esteja a avaliar tomar alguma medida contra o PSD.
“Do ponto de vista da substância das políticas públicas em matéria de habitação, não há hoje um único português que conheça uma única medida do PSD para este setor. E, portanto, sou forçado a atribuir este excesso à incapacidade que o PSD, nesta como noutras áreas de intervenção pública, tem manifestado de se assumir como uma alternativa credível”, criticou.
O dirigente socialista considerou também que os sociais-democratas demonstram "incapacidade de chegar às pessoas".
João Torres defendeu que, "em democracia, as alternativas afirmam-se pelas ideias, pelas propostas" e considerou que "o PSD manifestamente não tem tido essa capacidade" pois está "tomado pelo neoliberalismo, pela ideia de que o mercado resolve todos os problemas".
"Não é por acaso que quando exerceu funções governativas não fez absolutamente nada em relação à habitação, a não ser aprovar uma lei na Assembleia da República, a designada 'lei Cristas' na esperança de que essa lei resolvesse todos os problemas do mercado e do setor da habitação. Assim não aconteceu", afirmou.
Já o PS, sustentou, "é o ponto de equilíbrio entre as medidas e as propostas que os partidos à sua esquerda vêm apresentando em matéria de habitação, e aquelas que são as ideias ou os valores da direita em relação à habitação, que estão hoje profundamente tomadas pela ideia de que os mercado resolvem todos os problemas, designadamente o incremento da oferta".
O socialista apontou igualmente que "são vários os países europeus que tomaram medidas no sentido de regular o mercado da habitação" e que o PS tem "construído a casa a partir das fundações".
"Dispomos hoje de uma Lei de Bases da Habitação que foi aprovada na Assembleia da República em 2019, avançámos logo no início de 2016 para a discussão de uma nova geração de políticas de habitação, e o programa Mais Habitação surge como complemento a uma reforma estrutural que já estava, está e permanecerá em curso para incrementar a oferta de habitação, quer para a população mais carenciada e mais vulnerável, quer para as classes médias", realçou.
João Torres afirmou que esta estratégia do Governo "foi reforçada pela apresentação do pacote Mais Habitação", que constitui "um complemento, um reforço de política em relação a uma estratégia que já se encontrava em curso, que se encontra em curso e que permanecerá em curso".
O secretário-geral adjunto destacou ainda que atualmente existem "mais de 270 estratégias locais de habitação em execução" e o Governo tem a "ambição global de abranger 100 mil agregados familiares" com as medidas para a habitação.
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