Na quarta-feira, a Câmara de Coimbra afirmava que estava descartado, “por agora, um novo modelo de gestão” para o Convento São Francisco, após o anúncio de que a ex-diretora regional da Cultura do Centro e ex-deputada do PSD, Celeste Amaro, iria assumir a programação daquele espaço cultural. Um dia depois, o mesmo município esclareceu que vai apresentar ainda este ano uma proposta de novo modelo de gestão para aquele espaço.

Numa nota de imprensa assinada pelo presidente da concelhia, David Ferreira da Silva, o PS recordou hoje a posição do movimento Somos Coimbra (que integrou a coligação Juntos Somos Coimbra que venceu as autárquicas de 2021), quando era oposição no executivo anterior (liderado pelo socialista Manuel Machado), em que defendia um modelo de gestão autónomo do Convento São Francisco e que os principais lugares à frente daquele espaço cultural deveriam ser definidos por concurso público.

A concelhia socialista salienta ainda que essa posição surgiu reforçada durante a campanha da coligação Juntos Somos Coimbra, ao defender no seu programa uma autonomização da gestão e direção artística do Convento São Francisco.

“Ora, com tantas certezas, como é possível contradizer-se agora com tanta facilidade e falta de respeito por quem o elegeu? Com uma posição tão firme e tão intransigente, como é que José Manuel Silva atropela despudoradamente as promessas que fez?”, questiona David Ferreira da Silva.

Para o responsável da concelhia, José Manuel Silva “sabia muito pouco sobre o Convento São Francisco”, considerando que o atual presidente da Câmara de Coimbra “precisa, de facto, de grandes ensinamentos e de uma grande lição de humildade”.

No entanto, o PS refere que “não duvida das capacidades de Celeste Amaro, que muito considera” e diz que não duvida do “empenho que esta trabalhadora municipal imprimirá ao novo desafio que lhe foi confiado”.

Na nota de imprensa, a concelhia recorda que foi o executivo liderado pelo PS que “finalizou a obra e abriu o Convento” em 2016 (o investimento foi lançado ainda durante liderança social-democrata), relembrando vários eventos dinamizados ao longo dos últimos anos pela Câmara Municipal presidida por Manuel Machado (que saiu derrotado nas autárquicas de 2021).

A concelhia reafirma ainda a necessidade de manter o Convento São Francisco com uma gestão pública e inteiramente municipal e com “uma programação independente, feita por pessoa de reconhecido mérito”.

A arquiteta Isabel Worm, que prestou assessoria artística no Convento São Francisco desde dezembro de 2017, através de um contrato de ajuste direto, tinha como uma das suas funções acompanhar o processo de instalação de um novo modelo de gestão do espaço, que nunca foi concretizado pelo anterior executivo.

Em abril de 2021, Manuel Machado afirmava que a gestão direta por parte da Câmara Municipal (sem uma estrutura autónoma) estava a dar “bons resultados”, referindo que seria para continuar com aquele modelo.