“Em primeiro lugar, estou aqui muito concentrado em mudar e a região enquanto há outros militantes que estão preocupados unicamente em mudar a direção do partido”, disse Paulo Cafôfo aos jornalistas antes da primeira reunião da comissão política regional após as eleições nacionais, na sede do PS/Madeira, no Funchal.

Questionado sobre as críticas públicas de alguns militantes socialistas da região, o dirigente recordou que venceu recentemente eleições internas com “quase 99% dos votos” e que a sua moção de estratégia global foi aprovada em congresso por unanimidade.

“Portanto, eu não vou perder tempo quando quero é mudar a região. Não vou fazer o jogo do PSD, porque estar a falar demasiado de questões internas quando as pessoas não têm coragem de se apresentar a eleições e podiam tê-lo feito, quando não têm a coragem de aparecer na campanha eleitoral e nos eventos promovidos pelo partido, é um jogo que só beneficia o adversário”, o PSD, reforçou.

Cafôfo acrescentou que o foco do partido é “ouvir o povo, compreender as pessoas, as razões do seu descontentamento” e apresentar uma solução governativa com responsabilidade.

O PS perdeu nas eleições do passado domingo (10 março) um dos três deputados que tinha na Assembleia da República pelo círculo da Madeira. O PSD manteve os quatro lugares que ocupava e o Chega elegeu pela primeira vez um representante pela região.

“Aquilo que o Partido Socialista tem de fazer aqui – face aos resultados que todos conhecemos – temos de compreender as pessoas, temos de saber ouvir o povo e apontar um caminho”, apontou.

O dirigente socialista referiu que a Madeira vive uma crise política “causada única e exclusivamente pelo PSD” e que não é possível “ignorar o mega processo judicial” que resultou na constituição de arguido do presidente do Governo Regional (PSD/CDS), Miguel Albuquerque, e consequente demissão do cargo.

“Temos um PSD que não consegue resolver os problemas da região, aliás aquilo que tinha a resolver já resolveu e não é agora que vai resolver o que não conseguiu em quase 50 anos”, opinou, considerando ser “um partido esgotado nas ideias, esgotado nas pessoas”.

Paulo Cafôfo mencionou que os resultados eleitorais revelam existir “um grande inconformismo por parte da população madeirense, uma revolta, um descontentamento”, uma situação que é compreensível e se traduziu em “votos que foram para partidos mais pequenos, nomeadamente para o Chega”.

“Não podemos ignorar isso”, sublinhou, alertando que “votar no Chega é um voto no contra e é um voto que não vai mudar absolutamente nada”, nem vai resolver os problemas que são o motivo da revolta.

Segundo o líder socialista, “pode acontecer uma coisa mais grave”, recordando que o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque disse que o Chega era um “partido imprescindível” como ator politico no nosso país e na região.

“Não esquecer também que aquilo que poderá acontecer numas regionais é o PSD aliar-se ao Chega”, vincou.

Paulo Cafôfo alertou que para as “pessoas que estão descontentes, que estão inconformadas, votar no Chega não chega para resolverem os seus problemas”, indicando o PS como “o único partido que tem condições de ser solução”.

Concluiu que o PS/Madeira está mobilizado para a realização de eleições regionais antecipadas, uma situação que pode surgir da decisão do Presidente da República depois de 24 de março.