"O país tem de valorizar este ativo extraordinário que são os portugueses residentes no estrangeiro, em termos económicos, culturais e diplomáticos. É das nossas maiores riquezas", afirmou o único deputado socialista eleito pelos círculos da Emigração.

Paulo Pisco falava à agência Lusa no sábado à noite, durante um jantar com a presença de 150 militantes e apoiantes da secção de Toronto do PS.

"Portugal não pode ser visto apenas como os 10 milhões de habitantes que estão no nosso país. Portugal é uma nação vasta composta por aqueles que estão no nosso país e por aqueles que estão no estrangeiro com a nacionalidade portuguesa, que nasceram em Portugal, ou são descendentes de portugueses e têm sempre esta vontade e curiosidade de estreitar os laços com Portugal", sublinhou.

O número de portugueses emigrados é de cerca de 2,2 milhões em todo o mundo, encontrando-se a maioria na Europa, segundo um relatório das Nações Unidas.

O deputado explicou que a diáspora "é uma extraordinária riqueza" e que Portugal "precisa de ir mais longe e mais fundo" na valorização dos portugueses residentes no estrangeiro e no "estreitamento de laços" entre Portugal, o Governo e instituições e de quem vive fora do país.

"É aproveitar todas estas potencialidades porque temos empresários que têm a sua atividade no estrangeiro, eles podem ter o desejo de investir no nosso país por razões afetivas”, disse.

"É muito importante que se compreenda toda esta dimensão, quer dos empresários, dos eleitos, da língua e cultura portuguesa enquanto ativo estratégico do nosso país, são trunfos que temos e que devemos verdadeiramente valorizar e aproveitar, quer para os portugueses residentes no estrangeiro, quer para os portugueses no nosso país", acrescentou o deputado.

No Canadá calcula-se que existem cerca de 550 mil portugueses e lusodescendentes e Paulo Pisco deseja que Portugal "tenha uma perceção da importância que as comunidades têm".

O deputado socialista defendeu que a ligação aos emigrantes deve fazer-se de uma maneira mais eficaz, para que estes sintam que o "país os valoriza, que reconhece todo o percurso e esforço de superação das dificuldades económicas e sociais para se integrarem".

Voto eletrónico, uma forma de inclusão

"A possibilidade do voto eletrónico online deve ser explorada e analisada a sua possibilidade para ser implementada para facilitar o direito de voto nos residentes no estrangeiro", afirmou Paulo Pisco.

O único deputado socialista eleito pelos círculos da Emigração falava à agência Lusa, no sábado à noite, durante um jantar com a presença de 150 militantes e apoiantes da secção de Toronto do PS.

No entanto, o deputado reconheceu que têm de existir "condições para o exercício, designadamente de segurança", até porque alguns países já implementarem o voto eletrónico online e "acabaram por desistir".

"Para um país como Portugal, o facto de ter uma diáspora muito grande e dispersa não podemos descartar a possibilidade de alguma vez vir a utilizar o voto eletrónico para facilitar a participação eleitoral dos portugueses residentes no estrangeiro. É importante que se verifique a sua implementação", declarou Paulo Pisco.

Com o recenseamento automático, o número de eleitores portugueses no estrangeiro, portadores do cartão de cidadão, aumentou de 300 mil para quase 1,5 milhões.

Estas alterações foram aprovadas em 18 de julho de 2018 e entraram em vigor em 14 de agosto.

O deputado explicou que, aquando desta alteração à lei eleitoral, ficou estabelecido o prazo de um ano para que o Governo apresente um estudo sobre a viabilidade da implementação do voto eletrónico online de forma a "facilitar a participação dos portugueses no estrangeiro".

Nas legislativas de 2015, dos 9.682,369 portugueses aptos para votar apenas 43,07% foram às urnas, o valor mais baixo de sempre de abstenção nas legislativas.

"Espero que com esta grande dimensão de eleitores, devido ao recenseamento automático, a diáspora possa já ter uma expressão com uma maior participação", apelou.

Paulo Pisco esteve em Toronto durante os últimos três dias, tendo encontros com a vice-presidente da Câmara Municipal de Toronto Ana Bailão, com os vereadores Martin Medeiros e Paul Vicente, da câmara de Brampton, visitando ainda o consulado-geral de Portugal, o sindicato da construção, a instituição Luso Canadian Charitable Society, a escola de português Novos Horizontes, entre várias empresas e associações.