No encerramento das jornadas parlamentares do PS, que hoje terminaram em Caminha (Viana do Castelo), Ana Catarina Mendes recorreu por várias vezes na sua intervenção à clássica personagem Alice, de Lewis Carroll, admitindo que se Portugal “não é o país das maravilhas”, há um caminho para sair da crise.

“Sabemos bem que quando a Alice mergulhou no túnel viu um poço sem fundo, e sabemos bem que se não tivesse sido a vontade férrea do PS, do Governo, das nossas autarquias, a resposta a esta crise teria sido um poço sem fundo como foi com o CDS e o PSD na outra crise”, afirmou.

Voltando a Alice, Ana Catarina Mendes questionou “onde fica a saída” desta crise, respondendo que os socialistas “querem ir para um Portugal mais coeso e mais solidário”, ao contrário da oposição que, diz, “não tem nenhuma resposta”.

A líder parlamentar do PS respondeu aos que acusam a bancada socialista de “não ter agenda” ou apenas funcionar como “apoiante do Governo”, elencando prioridades da bancada (não houve anúncio de iniciativas concretas) para a próxima sessão legislativa, em que apontou como “fundamental” o papel do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“O papel fundamental do PRR é o combate à bolsa de exclusão e pobreza que ainda hoje existe em Portugal, não podemos continuar a ter crianças e jovens que nascem e morrem pobres”, afirmou, assegurando que a “agenda para a infância” vai ser retomada pelo PS na próxima sessão legislativa.

Por outro lado, a líder parlamentar assegurou que será também uma prioridade encontrar respostas para a classe média.

“E para isso é preciso que a política de habitação prossiga e as rendas acessíveis sejam uma realidade (…) Mas é preciso também uma política fiscal para a classe média, capaz de garantir justiça fiscal e equidade para todos nós”, defendeu.

Por outro lado, defendeu, “não é possível continuar a pedir mais competitividade” sem pedir uma “melhoria significativa dos salários dos portugueses”.

“Se temos conseguido aumentar o salário mínimo nacional e o salário médio, temos de ser capazes de aumentar os salários dos mais qualificados e que iniciam o seu posto de trabalho”, disse.

Parafraseando novamente “Alice no país das maravilhas”, a dirigente socialista considerou que “a única forma de chegar ao impossível é acreditar que é mesmo possível dar melhores condições de vida às pessoas”.

Na sessão de encerramento das jornadas do PS - que começou com mais de uma hora de atraso e já com muitos dos 108 deputados ausentes -, Ana Catarina Mendes destacou que foi possível realizar esta iniciativa “em condições de segurança” apesar da pandemia.

A líder parlamentar do PS saudou ainda todos os autarcas “que não viraram costas à adversidade” e minimizaram os efeitos da crise sanitária, económica e social.

“O PS merece continuar a ser a maior força política no poder local democrático”, vaticinou, a cerca de dois meses das eleições autárquicas de 26 de setembro.