"Percebemos e revemo-nos nas questões colocadas. Portanto, da nossa parte, se dependesse só de nós, elas estariam incluídas no diploma", declarou Pedro Delgado Alves à agência Lusa, acrescentando: "Estamos apostados em tentar resolver já, mas não depende só de nós".

Segundo o vice-presidente da bancada socialista, "se for possível melhorar este diploma com base nas questões que o Presidente da República coloca, elas correspondem àquilo que o PS tem defendido desde o início".

"Portanto, de alguma maneira, vêm ao encontro do que temos sustentado", considerou.

Pedro Delgado Alves referiu que "o BE e o PCP discordam estruturalmente da matéria" e que "junto dos outros partidos é que eventualmente a recetividade aos argumentos do Presidente será decisiva".

O diploma em causa foi aprovado com votos a favor de PS e CDS-PP e a abstenção do PSD, com votos contra de BE, PCP, PEV e PAN, no dia 07 de junho, e corresponde a um texto acordado na Comissão Eventual para o Reforço da Transparência no Exercício de Funções Públicas.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, divulgou na sexta-feira à meia-noite o veto desta lei que regula a atividade de lóbi, que justificou apontando "três lacunas essenciais" à lei em causa, em particular o facto de "não prever a sua aplicação ao Presidente da República".

O chefe de Estado contestou ainda "a total omissão quanto à declaração dos proventos recebidos pelo registado, pelo facto da representação de interesses", e o facto de a lei "não exigir a declaração, para efeitos de registo, de todos os interesses representados, mas apenas dos principais".

"De certa maneira, as questões, as lacunas que o Presidente aponta correspondem a matérias que nós tínhamos na nossa versão inicial. Este processo já começou há bastante tempo, há cerca de três anos. Nos nossos dois projetos sobre este tema, parte destas questões estavam contempladas", disse Pedro Delgado Alves.

De acordo com o deputado do PS, foi esse o caso das "obrigações de publicidade e transparência adicionais", que "acabaram por cair" no processo negocial.

O PS entendeu que era melhor ter legislação sobre a atividade de lóbi, "ainda que imperfeita", do que continuar sem ter, justificou.

"Mesmo a questão da abrangência, de a Presidência da República também ser vinculada, que o Presidente coloca, foi discutida na comissão e também não temos nenhuma objeção, portanto, também estaríamos a favor", adiantou.

Da parte do PS, existe "toda a disponibilidade para assegurar a aprovação da legislação", frisou o deputado.

Quanto à possibilidade de reapreciar o diploma vetado ainda antes do final desta legislatura, como pediu o Presidente da República, Pedro Delgado Alves respondeu que existe uma agenda parlamentar "já organizada" e que "isso vai depender da conferência de líderes e do que o parlamento decidir".