“Se agora o Bloco volta a estar realmente disponível para negociar, sem anátemas e sem querer ter o exclusivo da verdade, o que o PS pode dizer é que saúda a retoma dessa abertura para negociar”, declarou Porfírio Silva à agência Lusa numa reação ao discurso da coordenadora do partido, Catarina Martins, no encerramento da XII convenção bloquista.

Porfírio Silva defendeu que há “uma retoma que é necessária”, assumindo que os partidos da esquerda parlamentar “são diferentes entre si” e que “isso é normal”.

“O Bloco não coloca em cima da mesa nada que seja desinteressante como desafio para o país. Estamos a falar de matérias decisivas e claro que merecem ser trabalhadas, merecem a nossa convergência e é nessa perspetiva que nos colocamos”, indicou o deputado socialista e membro do Secretariado Nacional do PS.

Na sua intervenção, Catarina Martins apontou o emprego como “a prioridade das prioridades”, quer na proteção do que existe quer na criação de novos empregos com “leis laborais fortes, para que o investimento se traduza em mais salário”.

Catarina Martins salientou que o partido só vê “motivos para insistir” nas quatro áreas para as quais propôs ao Governo compromissos na discussão do último Orçamento do Estado e que “o Governo recusou”: carreiras no Serviço Nacional de Saúde, retirada das “leis vingativas da ‘troika’ contra o trabalho”, proteção social e impedir a “captura dos dinheiros públicos pela irresponsabilidade financeira” da banca.

Porfírio Silva disse que o PS saúda vivamente "que o Bloco de Esquerda mostre a sua disponibilidade para conversar e para tomar decisões sobretudo aquilo que é importante para o país", notando que foi o BE que "divergiu" ao decidir votar contra o Orçamento do Estado para 2021.

“O que aconteceu é que no momento mais difícil das vidas dos portugueses, no momento mais difícil da pandemia, o Bloco decidiu divergir deste caminho de convergência que tinha vindo a ser construído e decidiu votar contra o Orçamento do Estado ao lado da direita”, considerou.

O deputado manifestou-se convicto de que, “como foi possível chegar a resultados com o PCP, o PEV e do PAN, também será possível chegar a resultados concretos com o Bloco”.

“Isso é que importa ao país, é que se consiga construir as respostas que não são fáceis”, referiu, defendendo que o Bloco se comprometa a dar mais valor às convergências do que às divergências.

Porfírio Silva disse ainda que o “grande reforço” no Serviço Nacional de Saúde “é para continuar e é para consolidar” e que no que diz respeito “à saúde do sistema bancário, o país precisa de um sistema forte, que responda às necessidades do país e onde se cumpram as regras”.

Por seu lado, numa publicação na sua página no Facebook, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, concluiu da convenção que o Bloco “não consegue sair de um partido de protesto para um partido construtor de soluções nas dificuldades".

Ana Catarina Mendes acusou o Bloco de tentar “expiar o peso do voto contra, ao lado da direita no último orçamento”, recusando assim “um Orçamento de Estado verdadeiramente social”, o que considerou “difícil de entender”.

A socialista afirmou que o PS “esteve sempre disponível para dialogar e continua”, apontando o exemplo do que aconteceu com o PCP, que “lutou no último orçamento com propostas próprias que estão a ser executadas”.

O PS é um dos partidos que costumam fazer-se representar, a convite, no encerramento das convenções bloquistas mas, face às regras sanitárias impostas pela pandemia, a reunião magna dos bloquistas decorreu sem convidados no local.

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