“Cada dia que ouvimos António Costa falar, nesta e noutras áreas da governação, parece que chegou ontem ao Governo. Desde 2018 que anda a prometer quinze mil camas e nós hoje, passamos cinco anos, estamos na mesma situação”, acusou o vice-presidente da bancada do PSD Alexandre Poço, em declarações aos jornalistas no parlamento.

O social-democrata desafiou o primeiro-ministro a dizer a verdade aos estudantes: “Não há aumento de vagas nas residências e não se sabe sequer quantas camas o Governo contratou com unidades privadas como autarquias ou pousadas de juventude”.

“António Costa está especialista em truques e em vender um grande embuste aos estudantes do ensino superior”, criticou.

O também líder da Juventude Social-Democrata recordou que o partido já questionou por várias vezes a ministra do Ensino Superior, Elvira Fortunato, sobre o número de camas contratadas com o setor privado e “nunca teve resposta”, tendo formalizado as perguntas por escrito há cerca de um mês, até agora também sem retorno.

“Por isso, estranhámos muito as declarações do primeiro-ministro que veio, pela milésima vez, fazer uma promessa requentada de algo que o Governo não consegue fazer: aumentar a oferta em 15 mil camas para os estudantes deslocados do ensino superior”, frisou.

O primeiro-ministro afirmou hoje que as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “vão permitir quase duplicar o número de casas disponíveis no ensino superior” até 2026.

António Costa falava após um encontro com Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) e a Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP), no Palácio Foz, em Lisboa.

No seu discurso, o primeiro-ministro assumiu não ter “dúvidas nenhumas” que muitas das habitações destinadas a alojamento estudantil “foram desviadas para outro tipo de alojamento, seguramente, mais rentável, mas criando uma pressão e um desequilíbrio muito grande no acesso ao alojamento estudantil”.

O primeiro-ministro admitiu que o acesso ao alojamento é, atualmente, “a maior barreira para o acesso ao ensino superior” e defendeu que está a ser feito um “esforço enorme e que o país tem de ser bem-sucedido”.

“As verbas, neste momento, do Plano de Recuperação e Resiliência reforçadas com as verbas do Orçamento de Estado e que vão ser reforçadas para responder ao aumento dos custos, designadamente dos materiais de construção, vão permitir quase duplicar o número de camas disponíveis no ensino superior e creio que no politécnico que é de 70% o aumento de camas disponíveis até ao final de 2026”, declarou.