“A Assembleia da República condena a posição divisionista de ex-presidente do Parlamento Europeu e líder do SPD, Martin Schulz, que é claramente violadora dos valores do projeto europeu”, lê-se no voto proposto pela bancada social-democrata, que deverá ser votado esta sexta-feira.

No âmbito das negociações para a constituição de um futuro Governo de coligação com Angela Merkel, o dirigente do Partido Social Democrata (SPD) alemão “apresentou como exigência do seu partido a imposição de um sistema federalista a nível europeu até 2025, obrigando à saída da União Europeia dos Estados-membros que não concordassem”.

“Europeus e portugueses foram surpreendidos por esta posição radical do líder de um dos mais importantes e representativos partidos alemães, sendo ainda mais grave quando o próprio líder socialista é um ex-presidente do Parlamento Europeu, instituição que defende e representa os cidadãos, que proclama a unidade e solidariedade entre os povos da União Europeia”, afirma o voto dos sociais-democratas.

No voto, o PSD sublinha que “o processo de construção europeia foi sempre inclusivo, de pequenos passos e onde nenhum Estado-membro foi chantageado a dar determinados passos no processo de integração”.

“É por isso incompreensível e inaceitável que alguma vez a União Europeia possa expulsar ou obrigar à saída de um Estado-membro que esteja contra o aprofundamento de qualquer política europeia ou alteração dos seus tratados. Muito simplesmente, tal constituiria a maior fratura da história da União Europeia e causaria danos graves, irreversíveis, irreparáveis e muito provavelmente mortais para o projeto europeu”, refere o PSD.

Na semana passada, Schulz defendeu, num congresso do seu partido, uma Europa federal.

“Porque não devemos ter como objetivo (…) o mais tardar em 2025 ter concretizados os Estados Unidos das Europa”, perguntou.

“Pretendo que haja uma Constituição europeia que permita uma Europa federal e que não seja uma ameaça para os seus Estados-membros”, sustentou, propondo que esta fosse redigida por uma assembleia constituinte envolvendo a sociedade civil.

Os países que não adotassem este texto deveriam abandonar imediatamente a UE, considerou.