“O Governo do PS está a governar bem, sobretudo na área da economia e finanças tem tido muito bons resultados, e o PSD e o CDS não conseguiram encontrar uma alternativa a isto”, disse à Lusa Diogo Freitas do Amaral.
Em declarações a propósito dos 40 anos da assinatura do acordo constitutivo da Aliança Democrática (AD), entre o CDS, de Freitas, o PPD, de Sá Carneiro, e o PPM, de Gonçalo Ribeiro Telles, que se assinala hoje, o vice-primeiro-ministro do governo que resultou dessa convergência entende que a direita precisa sobretudo de crescer.
“O que é preciso é que os dois partidos, PSD e CDS, cresçam mais. Em 1976, ainda longe da AD, o PSD com 24% e o CDS com 16% somavam 40%, hoje o PSD e o CDS não chegam a 30%. Com 30% dos votos não há aliança nenhuma que consiga ganhar eleições com maioria absoluta. Portanto, a primeira prioridade é crescer cada um dos partidos”, sustentou.
Freitas do Amaral fez parte de governos da Aliança Democrática (AD), entre 1979 e 1983, e mais tarde do PS, entre 2005 e 2006, após ter saído do CDS em 1992.
O antigo governante considerou que a existência de “uma espécie de plataforma de convergência”, como a AD, “podia ajudar, mas o que é fundamental é que trabalhem, no terreno, e no discurso político, para crescer”.
“Quanto ao discurso político, nem o PSD nem o CDS conseguiram ainda encontrar um discurso político capaz de constituir uma alternativa credível à atuação do governo PS, apoiado pelos outros partidos de esquerda”, assinalou.
“Ou falam da economia e das finanças para dizer que está tudo mal, o que o povo percebe que é mentira. Ainda no outro dia, ouvi um desses partidos dizer que, olhando para trás, está tudo pior que há quatro anos. É óbvio que não está, e não é com frases destas que se chega lá”, argumentou.
Freitas sustenta que “um discurso alternativo” a ser assumido por PSD e CDS é necessariamente aquele que não seja “centrado na economia e nas finanças, que é o ponto mais forte do atual governo”.
O antigo ministro e professor de direito sugere que aqueles partidos se concentrem noutros aspetos, de soberania, por exemplo, “como a política externa, a política de defesa, a política de justiça, que está um caos”, bem como “na vida quotidiana das pessoas, onde há muitas coisas que correm mal”.
“Veja-se a saúde, pessoas um ano à espera para serem operadas ao cancro, isso dava uma campanha fantástica do PSD e do CDS, desde que, além de criticar, fossem capazes de apresentar soluções”, afirmou.
Freitas considera que “foi por causa das críticas do PSD e do CDS que o governo veio anunciar à pressa que estava a acelerar a atribuição de pensões de reforma que estavam a demorar um ano” e desafia os partidos a prosseguirem esse discurso, porque “na vida quotidiana das pessoas, e das pessoas que estão pior, das pessoas sofrem, há muitas coisas que o PSD e o CDS podiam agarrar como bandeiras, desde que não comentam o erro de só dizer mal, porque só disserem mal o país não houve”.
“É preciso que, depois de se fazer uma primeira crítica, se diga como é que isto se pode pôr melhor, quanto tempo vai levar, quanto é que vai custar e onde é que vamos o dinheiro para esse efeito, se é aumento de impostos, se não é, tem de ser corte de despesas, então, que despesas vão cortar para resolver estes problemas”, afirmou.
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