No final de Abril, Moreira da Silva demitiu-se do cargo de diretor da Cooperação para o Desenvolvimento na OCDE, em Paris, para concorrer pela primeira vez à presidência do PSD, partido pelo qual já foi deputado, eurodeputado e primeiro vice-presidente e ministro, no Governo liderado por Pedro Passos Coelho, de quem foi 'vice' durante seis anos.
Jorge Manuel Lopes Moreira da Silva nasceu em Vila Nova de Famalicão a 24 de abril de 1971 (51 anos), é licenciado em engenharia eletrotécnica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, tem uma pós-graduação em direção de empresas pela Universidade de Navarra, é casado e tem três filhos.
Foi presidente da JSD entre 1995 e 1998 - sucedeu precisamente a Pedro Passos Coelho - e, em 2008, apoiou e colaborou na primeira candidatura de Passos Coelho à liderança do PSD, derrotada por Manuela Ferreira Leite. Dois anos depois, voltou a estar ao lado do mesmo candidato, que desta vez saiu vencedor contra Paulo Rangel e Aguiar-Branco.
Em 2010 (e até 2016), torna-se um dos vice-presidentes de Passos Coelho, e, no congresso social-democrata seguinte, em março de 2012, já com Passos na chefia do Governo PSD/CDS-PP, sobe a primeiro vice-presidente do partido e fica com a coordenação da direção nacional do seu partido. Foi também o coordenador das autárquicas de 2013, quando os sociais-democratas perdem para o PS o estatuto de partido mais votado a nível local.
Em paralelo, fundou, em outubro de 2011, uma associação cívica, "Plataforma para o Crescimento Sustentável", ainda ativa atualmente, e que elaborou em dezembro de 2012 um documento intitulado "Relatório para o Crescimento Sustentável - Uma visão pós-'troika'".
No verão de 2013, na sequência da crise política no Governo PSD/CDS-PP após uma ameaça de demissão “irrevogável” de Paulo Portas, Passos Coelho faz uma profunda remodelação do executivo e Jorge Moreira da Silva torna-se ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, as áreas centrais do seu percurso académico e profissional.
Como ministro, foi o rosto do Governo para a Reforma da Fiscalidade Verde, que introduziu pela primeira vez uma taxa de dez cêntimos sobre os sacos de plástico para reduzir a sua utilização e a taxa de carbono em vários setores de atividade. As receitas seriam aplicadas, na lógica da ‘neutralidade fiscal’ que propunha, na introdução de um ‘quociente familiar’ no IRS.
Na vida interna do PSD, e ainda líder da ‘jota’, apoiou Marcelo Rebelo de Sousa, eleito no congresso de abril de 1996, após a demissão de Fernando Nogueira. No ano anterior, tinha apoiado Durão Barroso contra Fernando Nogueira.
Foi deputado entre 1996 e 1998, pelo círculo de Braga, e novamente entre 2005 e 2006, pelo círculo de Lisboa, e eurodeputado entre 1999 e 2003, ocupando-se de temas relacionados com o ambiente, em particular, as alterações climáticas.
Deixou o Parlamento Europeu para assumir, entre 2003 e 2004, o cargo de secretário de Estado adjunto da ministra da Ciência e do Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho, durante o Governo PSD/CDS-PP chefiado por Durão Barroso, e depois secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território (2004-2005), no governo liderado por Santana Lopes.
Entre 2006 e 2009, foi consultor do Presidente da República de Portugal, Cavaco Silva, para as áreas da ciência e ambiente, tendo também desempenhado funções de conselheiro do Banco Europeu de Investimento (BEI) e da Comissão Europeia nas áreas do ambiente e energia.
Entre 2009 e 2012, foi conselheiro e, posteriormente, diretor da área de economia da energia e das alterações climáticas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, em Nova Iorque.
Foi distinguido, em 2006, com a Comenda de Mérito Civil atribuída pelo Rei de Espanha, e, em 2009, com a insígnia de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, atribuída pelo então Presidente da República Portuguesa, Cavaco Silva.
Depois de deixar o executivo PSD/CDS-PP, em 2016 é nomeado diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação da OCDE, onde liderava até agora o secretariado do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento, e foram pontuais as suas intervenções na vida política.
Em novembro de 2020, defendeu a realização de um congresso extraordinário do PSD para clarificar a estratégia de “coligações e entendimentos” da direção de Rui Rio e atacou a “traição” aos valores do partido pela solução governativa nos Açores, com o Chega.
Em setembro do ano passado, apresentou em Lisboa um livro intitulado “Direito ao Futuro”, no qual defendeu que se deve discutir “menos partidarite e mais políticas públicas”, e defendeu que “um líder tem de ser um líder servidor”.
“Um líder servidor mede o seu êxito pelo impacto que as suas medidas e decisões têm na vida dos outros”, defendeu, considerando que tem de conciliar “a capacidade de comunicação, de envolvimento com as pessoas”, com "a densidade, o conhecimento, a capacidade de reformar”.
Nas últimas diretas, em novembro do ano passado, ponderou avançar contra o eurodeputado Paulo Rangel, mas acabou por não o fazer depois de o ainda presidente do PSD, Rui Rio, ter confirmado a recandidatura.
Na sua última participação da Universidade de Verão do partido, em 2016, recordou o momento em que, aos 17 anos, despertou para a política, quando organizou um abaixo-assinado com duas mil assinaturas para protestar contra a poluição que uma empresa provocava junto da sua escola secundária, e o problema foi resolvido.
Na ficha que todos os oradores nessa iniciativa preenchem, declarou ter como ‘hobbies’ correr e jogar ténis - que se mantêm os de hoje, a par de exposições de artes plásticas -, referiu como animal preferido o cão - tem atualmente um labrador chamado 'Sly' (Matreiro, em português) - e apontou como comida de eleição o caril de bacalhau.
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