“Quem o viu e quem o vê”, ironizou Luís Filipe Menezes, quando confrontado pelos jornalistas com a proposta feita por Rui Rio na sua intervenção inicial perante o Conselho Nacional que decorre à porta fechada.

A proposta de Rio pretende abrir as diretas aos cerca de 83.000 militantes ativos, ou seja, os que pagaram pelo menos uma quota nos últimos dois anos, ao contrário do que aconteceu nas últimas eleições internas, em que vigorou um novo regulamento de quotas, criado pela atual direção.

Em novembro de 2019, num Conselho Nacional em Bragança, apoiantes de Luís Montenegro propuseram a alteração ao regulamento para que todos os militantes pudessem votar independentemente do pagamento de quotas, mas a proposta foi recusada.

Em declarações aos jornalistas no final dessa reunião, o secretário-geral do PSD, José Silvano, explicou que a Mesa do Conselho Nacional entendeu não aceitar a proposta “porque violava os estatutos do partido, que dizem que para eleger e ser eleito é preciso ter as quotas em dia” na altura da eleição.

O presidente do PSD, Rui Rio, reiterou há dois anos o entendimento da Mesa de que a proposta apresentada violava os estatutos do partido e considerou que qualquer alargamento, quer a todos os militantes, quer a simpatizantes, terá de passar por uma alteração em Congresso.

“Dentro disto, quanto mais militantes pagarem a sua quota - e não outros a pagarem por eles - melhor, por isso estamos a fazer um esforço muito grande de sensibilização das pessoas, mas não vamos mascarar isso e arranjar um qualquer esquema”, declarou.

Um pouco antes desta reunião, em 06 de novembro de 2019, Rio já tinha recusado alterar as regras de pagamento de quotas para “facilitar vigarices” como as que considera que aconteceram no passado, embora admita “aperfeiçoamentos” para militantes com dificuldades em pagar a sua quota.

Nessa ocasião o presidente do PSD acrescentou que, se a ideia fosse abrir a eleição a todos os militantes, então defenderia que, tal como fez o PS há alguns anos, essa abertura se alargasse também a simpatizantes que se quisessem inscrever para tal.

“Não sei como propor, se alguém tiver uma solução legal para que assim possa acontecer, eu provavelmente serei um apoiante dessa iniciativa”, afirmou, defendendo que tal só deveria acontecer de “longe a longe” e não em todas as eleições diretas.