“Se a proposta [de audição parlamentar de Nuno Rebelo de Sousa] for apresentada, nós não vamos obstaculizá-la”, assumiu o líder do PSD, Luís Montenegro.
Em declarações aos jornalistas no Aeroporto de Beja, no arranque do périplo que vai fazer por este distrito alentejano, até quarta-feira, no âmbito do programa “Sentir Portugal”, Montenegro defendeu que “o essencial” neste caso das gémeas “é que o país não tenha dúvidas de que as regras foram todas cumpridas”.
“E as regras são aqui a vários níveis. São as regras da intervenção de pessoas com responsabilidade política que possam ter condicionado o rumo e a análise da situação e é podermos também ter uma conclusão de que não houve aqui benefício das pessoas que tiveram acesso a tratamento em desfavor de outras que podiam ter tido”, precisou.
Questionado pelos jornalistas sobre a postura do Presidente da República (PR), Marcelo Rebelo de Sousa, a propósito deste caso e sobre se o Chefe de Estado está ou não fragilizado em consequência do mesmo, o líder social-democrata insistiu na necessidade de clarificar o assunto.
O país “merece ficar tranquilizado de que as coisas ocorreram dentro daquilo que é regular e que não houve prejuízo de ninguém em face de uma intervenção estranha”, afirmou.
“Quando nós tivermos elementos completamente cabais para concluir isso, o assunto ficará encerrado. Enquanto não acontecer, naturalmente, que todos somos interessados em poder desfazer as dúvidas”, sublinhou, frisando: “Eu acho é que a situação tem que ser absolutamente clarificada”.
O Presidente da República “já disse aquilo que entendia” sobre esta matéria ela, “mas é natural que os instrumentos democráticos possam aprofundar outras linhas de apreciação”, disse.
“Nomeadamente para satisfazer aquilo que é a responsabilidade de toda a gente em contribuir para apurar se efetivamente aconteceu alguma coisa anómala ou não”, acrescentou Luís Montenegro.
No domingo, o presidente da Iniciativa Liberal anunciou hoje que vai pedir a audição parlamentar do filho do Presidente da República Nuno Rebelo de Sousa sobre o caso das gémeas e disse esperar que o PS não volte “a bloquear estes esclarecimentos”.
Em declarações à Lusa, Rui Rocha recordou que, esta semana, o PS travou os pedidos de audição dos antigos governantes Marta Temido e Lacerda Sales, “num caso que se arrasta há semanas e em que têm existido versões contraditórias”.
O caso envolve duas crianças gémeas residentes no Brasil que entretanto adquiriram nacionalidade portuguesa e vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma para a atrofia muscular espinhal, com um custo total de quatro milhões de euros, e foi divulgado pela TVI, em novembro, que denunciava uma alegada interferência do Presidente da República.
Na semana passada, Marcelo Rebelo de Sousa confirmou que o seu filho o contactou sobre a situação das gémeas luso-brasileiras que mais tarde vieram a receber o medicamento no Hospital de Santa Maria e defendeu que o tratamento que deu a este caso foi neutral e igual a tantos outros.
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