A 3 de março, os bispos portugueses, após uma reunião destinada a analisar o relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, anunciaram a disponibilidade para criar “um grupo específico, que será articulado com a Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis”, que é liderada pelo antigo procurador-geral da República José Souto Moura.
A constituição deste novo organismo e o seu projeto serão analisados na Assembleia Plenária da CEP, que se realiza em Fátima, entre os dias 17 e 20 de abril.
Em comunicado, a CEP informa que, “dando seguimento às decisões tomadas na Assembleia Plenária extraordinária do passado dia 3 de março, o nome da psicóloga Rute Agulhas foi apontado, pelo Conselho Permanente da CEP e após consulta aos Bispos diocesanos e auxiliares, para coordenar o grupo operativo que será responsável pelo acolhimento e acompanhamento das vítimas de abusos no seio da Igreja Católica em Portugal, em articulação com a Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas”.
O nome de Rute Agulhas havia sido avançado ao início da tarde pelo jornal Observador. A psicóloga integra a Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis do Patriarcado de Lisboa.
O novo organismo vem, em certa medida substituir a Comissão Independente liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht que, ao longo de quase um ano, validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815.
Vinte e cinco casos foram reportados ao Ministério Público, que deram origem à abertura de 15 inquéritos, dos quais nove foram já arquivados, permanecendo seis em investigação. Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, período abrangido pelo trabalho da comissão.
Na sequência destes resultados, algumas dioceses afastaram cautelarmente do ministério alguns padres.
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