“Há esquadras encerradas. Já houve antes da greve, devido a outras iniciativas, e agora continua, pelo menos em Ermesinde, no Porto, e em Alhandra. A continuarmos [com a greve dos motoristas] vai haver mais, porque o efetivo não estica. Há uma sobrecarga preocupante. Consegue-se ir aguentando, mas não dá para aguentar sempre. O ritmo imposto [devido à paralisação dos motoristas e aos serviços exigidos à PSP] não dá para muitos dias”, explicou à Lusa Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP).

O responsável pediu ao Governo para “encontrar uma solução” para o problema, que vai piorar com o prolongamento da greve que está hoje no quarto dia, devido à “falta de efetivos” na PSP e à necessidade de “retirar elementos de outros locais e serviços” para acorrer a serviços relacionados com a paralisação.

Os motoristas de transportes de matérias perigosas e de mercadorias cumprem hoje o quarto dia de uma greve por tempo indeterminado, que levou o Governo a decretar uma requisição civil na segunda-feira à tarde, alegando incumprimento dos serviços mínimos.

“Quanto mais tempo a greve decorrer, maior é o problema”, alertou Paulo Rodrigues.

O presidente da ASPP/PSP sublinhou que, se o efetivo da PSP “fosse suficiente, não era necessário tirar elementos” para o reforço relacionado com a greve, nomeadamente com a mobilização de elementos “para locais onde eventualmente possa haver mais tensão”, para “prevenção no caso de ser necessário conduzir camiões” ou para ordenar ou cortar o “trânsito” para “acompanhar camiões”.

Paulo Rodrigues assegurou que o encerramento de esquadras e a sobrecarga de agentes não é exclusiva da greve, acontecendo devido a outras iniciativas, mas que são limitadas no tempo.

“Isto acontece noutros eventos, mas é um dia ou dois dias. No caso desta greve, já vai em quatro dias e não sabemos quando vai terminar”, avisou.

“O grande problema não é a greve dos motoristas, nem é isso que leva as esquadras a encerrar. O problema é a falta de efetivos, que cria dificuldades na gestão de recursos humanos”, acrescentou.

De acordo com Paulo Rodrigues, “o Governo tem empurrado o problema para a frente”, mas atualmente “o problema já é o caos”.

“O efetivo está muito reduzido, já não é sequer o razoável. Já não há efetivo nem para andar na rua nem para estar nas esquadras”, denunciou.

O presidente da ASPP/PSP esclarece que já há agentes “a fazer serviço de dois ou três elementos, trabalhando 24 horas ou sem folgas”.

Paulo Rodrigues defende que o Governo “tem duas formas” para dar resposta à questão: “Ou altera o modelo e organização da PSP, revendo as suas competências, ou mantém o modelo, mas nesse caso tem de recrutar pessoal em número suficiente”.

Segundo o responsável, a PSP tem “20 mil polícias, mas com capacidade operacional não existirão mais de 14 mil”.

A greve em curso, que começou na segunda-feira, foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

A Antram assinou na quarta-feira à noite um acordo relativo ao contrato coletivo de trabalho com a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), afeta à CGTP e que não participa na greve de motoristas.

(Notícia atualizada às 14:06)