No fim da sessão, e já no exterior do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa, no Parque das Nações, viveram-se momentos de tensão entre arguidos com ligações aos No Name Boys (Benfica) e à claque Juventude Leonina (Sporting), o que obrigou à intervenção policial para evitar os confrontos.
Quando a PSP tentava montar um cordão policial, um adepto do Benfica, de 35 anos, que “não é arguido no processo”, foi detido, às 13:55, por ‘spotters’, agentes policiais responsáveis pelas ligações com as claques dos clubes desportivos, explicou à agência Lusa a porta-voz do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, Carla Duarte.
O homem foi notificado para comparecer pelas 10:00 de sexta-feira no Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa, no Campus da Justiça.
Já antes do início do debate instrutório, quer no exterior e também no interior da sala do TIC de Lisboa, onde decorre a instrução - fase facultativa em que é decidido por um juiz se os arguidos vão a julgamento – já se tinham verificado alguns episódios de tensão entre vários dos arguidos.
Inicialmente não havia elementos policiais no Campus da Justiça, que chegaram ao local poucos minutos depois.
A instrução foi requerida por nove dos 22 arguidos, incluindo Luís Pina, que, no requerimento de abertura de instrução, sustenta que nunca teve intenção de atropelar e “muito menos matar um ser humano”, pelo que pede para não ir a julgamento.
Luís Pina, que estava em prisão preventiva desde 29 de abril, foi libertado em 02 de março porque não foi proferida decisão instrutória no prazo máximo de dez meses após a data em que lhe foi aplicada aquela medida de coação.
A vítima mortal, Marco Ficini, pertencia à claque do clube italiano Fiorentina O Club Settebello, era adepto do Sporting e morreu após um atropelamento e fuga junto ao Estádio da Luz, na sequência de confrontos ocorridos na madrugada de 22 de abril, horas antes de um jogo de futebol entre o Sporting e o Benfica, da 30.ª jornada da I Liga, da época passada, no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
Segundo a acusação do MP, a que a agência Lusa teve acesso, na madrugada de 22 de abril, horas antes do jogo um grupo de adeptos do Benfica dirigiu-se às imediações deste estádio e lançou um foguete luminoso de cor vermelha na direção do topo sul.
Adeptos sportinguistas, que se encontravam no Estádio de Alvalade a distribuir bilhetes e a preparar as coreografias da claque Juventude Leonina, dirigiram-se ao Estádio da Luz a fim de “ripostarem” pelo lançamento do foguete luminoso, levando consigo barras de metal.
Durante os confrontos e perseguições que se seguiram, Luís Pina terá atropelado mortalmente Marco Ficini, “arrastando o corpo por 15 metros” e imobilizando o carro só “depois de ter passado completamente por cima do corpo da vítima”, descreve a acusação, acrescentando que o arguido abandonou o local “sem prestar qualquer auxílio”.
Comentários