“O lado russo reafirmou a sua disponibilidade para contribuir para a promoção deste diálogo com vista a chegar a um acordo justo, baseado nos princípios do direito internacional”, afirmou a presidência russa em comunicado, após um telefonema entre os dois líderes.

As negociações nucleares entre os Estados Unidos e o Irão foram retomadas no passado mês de abril, mediadas por Omã, após um hiato de sete anos desde 2018, quando no seu primeiro mandato presidencial Donald Trump decidiu a retirada unilateral dos EUA do Acordo Nuclear de 2015.

Este regresso ao diálogo ocorre num contexto de tensões crescentes, com o Irão a enriquecer urânio a níveis próximos dos necessários para armamento nuclear e os EUA a reforçarem a sua postura militar na região.

Na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, apelou a Washington para evitar exigências “irrealistas”.

“A conclusão de um acordo neste sentido é inteiramente possível, mas as posições irrealistas e ilógicas devem ser evitadas”, disse o chefe da diplomacia iraniana à responsável pela política externa da UE, Kaja Kallas, por telefone, de acordo com comentários relatados por Teerão.

Em 27 de Abril, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, aliado de Donald Trump, apelou aos Estados Unidos para que chegassem a um acordo privando o Irão de qualquer capacidade de enriquecimento de urânio e impedindo-o de desenvolver mísseis balísticos.

O presidente Trump, agora no seu segundo mandato, tem adotado uma abordagem de “pressão máxima”, exigindo o desmantelamento total do programa nuclear iraniano. Em entrevistas recentes, afirmou que só aceitará um acordo que elimine completamente a capacidade nuclear do Irão, embora tenha expressado abertura para considerar argumentos a favor de um programa nuclear civil, desde que não conduza à proliferação de armas.

As negociações, mediadas por Omã, têm sido marcadas por avanços e recuos.

A quarta ronda de conversações, prevista para Roma, foi adiada indefinidamente após os EUA imporem novas sanções a entidades iranianas, acusando Teerão de apoiar milícias no Iémen.

Apesar disso, o Irão mantém-se disponível para continuar as negociações, reiterando o seu compromisso com um programa nuclear pacífico e a necessidade de levantamento das sanções económicas.

Neste cenário, a Rússia tem procurado posicionar-se como mediadora, assumindo que tem interesses estratégicos na região, incluindo acordos energéticos com o Irão e uma postura crítica em relação à política externa dos EUA.

A posição de Putin é significativa, pois a Rússia é um dos signatários originais do acordo nuclear internacional e tem influência tanto em Teerão como em Washington e a sua intervenção pode ser vista como uma tentativa de reforçar o seu papel geopolítico e de evitar uma escalada militar que desestabilize ainda mais o Médio Oriente.