“Os atuais funcionários russos continuam a cometer os mesmos erros que os seus antecessores, limitando as liberdades com a esperança de se fixarem no poder com métodos ditatoriais… não podemos ser cúmplices desse cenário”, afirmou Alexeyeva, líder durante décadas do Grupo Helsínquia de Moscovo, pouco antes de morrer aos 91 anos.
Putin causou uma surpresa quase generalizada ao comparecer no velório da ativista, que morreu no sábado e era admirada pelo último dirigente soviético, Mikhail Gorbatchov, e os governos ocidentais, em particular os Estados Unidos, para onde emigrou quando foi deportada pela extinta URSS em 1977.
O líder russo depositou um ramo de flores no caixão instalado na Casa Central do Jornalista, no centro da capital russa, na presença de centenas de pessoas.
Apesar de ter participado em numerosos protestos contra o Kremlin, Alexeyeva era uma das poucas ativistas respeitadas por Putin, que lhe prestou homenagem após ter optado pelo mesmo gesto com o escritor Aleksandr Solzhenitsyn, em cuja honra inaugurou hoje uma estátua por ocasião do 100.º aniversário do seu nascimento.
No seu “testamento político”, divulgado após a sua morte e nas vésperas do 70.º Aniversário da Declaração universal dos direitos humanos celebrado na segunda-feira, Alexeyeva denunciou “a crescente repressão política”.
“Creio que nos esperam tempos difíceis, incluindo na Rússia”, comentou, para de seguida criticar “o isolacionismo, a militarização e o clericalismo”.
Também criticou a influência na sociedade russa da “consciência imperial” que implicou a anexação pela Rússia da península da Crimeia, à qual a ativista, natural desta península, onde nasceu em 1927, sempre se opôs.
No entanto, insistiu na necessidade de dialogar com o poder para convencê-lo de que a garantia de alternativas políticas serve os seus próprios interesses, e mostrou-se contrária à estratégia de alguns opositores de que “quanto pior, melhor”, numa alusão a uma possível revolução.
Alexeyeva abandonou em 2012 o Conselho de direitos humanos adstrito ao Kremlin, mas regressou em 2015 com o argumento de que a única forma de melhorar a situação no país é dialogar com Putin, uma posição que motivou numerosas críticas.
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