Os mísseis disparados seriam do tipo Musudan, com alcance de até quatro mil quilómetros, capazes de atingir a Coreia do Sul, o Japão e as bases americanas na ilha de Guam, no Pacífico.
O departamento americano de Estado condenou os testes afirmando que se trata de uma violação flagrante das resoluções da ONU, que proíbem Pyongyang de utilizar tecnologia balística.
O primeiro disparo aconteceu pouco antes das 06h, hora local, (22:00 de terça-feira em Lisboa) e o "lançamento parece ter fracassado", segundo o ministério sul-coreano da Defesa. O segundo míssil Musudan, disparado duas horas depois da mesma posição na costa oriental, percorreu 400 quilómetros sobre o mar do Japão.
"A Coreia do Sul e os Estados Unidos estão a fazer análises adicionais", destacou o ministério sul-coreano num comunicado, no qual evita qualificar de sucesso o segundo lançamento.
Após quatro testes fracassados do Musudan, um lançamento bem sucedido seria um importante passo para o regime de Kim Jong-un, que pretende desenvolver uma arma nuclear capaz de atingir os Estados Unidos. O Musudan foi revelado durante um desfile militar, em 2010 em Pyongyang.
O porta-voz do departamento de Estado americano, John Kirby, declarou que estes disparos apenas vêm dar alento aos esforços da comunidade internacional para combater o programa balístico de Pyongyang. "Temos a intenção de manifestar nossa preocupação na ONU para reforçar a determinação da comunidade internacional para que a Coreia do Norte preste contas por estes atos provocadores".
A China, aliada tradicional da Coreia do Norte, advertiu para o perigo de "qualquer ação que aumente a tensão" e defendeu o diálogo. O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, qualificou o teste de "intolerável". "Vamos analisar o caso e coordenar com a comunidade internacional, incluindo a Coreia do Sul e os Estados Unidos", declarou, depois de o lançamento ter sido noticiado.
Várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU proíbem a Coreia do Norte de usar tecnologia de mísseis. Apesar disso, Pyongyang faz, regularmente, lançamentos de curto alcance no mar do Japão. Em nota, o ministério sul-coreano da Defesa denunciou "uma clara violação das resoluções da ONU", depois deste novo teste.
A situação degradou-se especialmente na península coreana a partir do quarto teste nuclear da Coreia do Norte, no início de janeiro, seguido em fevereiro pelo disparo de um foguete, considerado como uma prova disfarçada de míssil de longo alcance. O Conselho de Segurança das Nações Unidas reagiu na ocasião adotando sanções contra Pyongyang.
O governo dos Estados Unidos anunciou no início do mês sanções destinadas a restringir ainda mais o acesso de Pyongyang ao sistema financeiro internacional, por causa da "ameaça" que representa.
Num congresso do partido único, em maio, o líder norte-coreano Kim Jong-un propôs pessoalmente ao Sul a retomada de diálogo para acalmar a situação. Seul rejeitou a oferta, por considerar que a proposta não era sincera, pois no mesmo congresso Kim Jong-un comprometeu-se a manter o programa nuclear militar do seu país.
"Não sei se é um êxito, mas sem dúvida é um progresso. Os testes são ensaios e eles aprendem a cada voo", declarou à AFP Melissa Hanham, especialista em armas de destruição maciça no Instituto Middlebury de Estudos Internacionais da Califórnia.
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