Os dois favoritos, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) e a União Nacional para a Independência de Angola (UNITA) deverão partilhar a esmagadora maioria dos 220 lugares da Assembleia Nacional e, segundo a Constituição, os dois primeiros da lista nacional do partido mais votado serão, automaticamente, Presidente e vice-presidente do país.

O MPLA indica João Lourenço (candidato à reeleição) e Esperança Costa, para Presidente e vice-presidente do país. Já a UNITA indica o seu líder Adalberto Costa Júnior e, como número dois, Abel Chivukuvuku, fundador e antigo líder da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), o terceiro partido com mais assentos parlamentares.

As campanhas intensificaram-se nos últimos dias e ambos os partidos reclamam ser os mais bem posicionados para garantir as preferências dos eleitores.

Do lado do MPLA, o candidato João Lourenço apostou em mostrar trabalho feito, prometendo acabar no próximo mandato o que deixou por fazer nos cinco anos em que esteve na Presidência do país, apontando culpas à pandemia de covid-19.

O candidato da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, focou-se no “cansaço” e erros do MPLA, que não conseguiu tirar ainda os angolanos da pobreza e centrou as promessas nas eleições autárquicas – que João Lourenço tinha prometido concretizar e falhou – e numa revisão constitucional que retire os excessos de poder ao Presidente.

Além do MPLA e da UNITA, concorrem mais seis formações políticas: CASA-CE, Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Partido de Renovação Social (PRS), Aliança Patriótica Nacional (APN), Partido Humanista de Angola (PHA) e Partido Nacionalista para Justiça em Angola (P-Njango). As urnas abriram às 7h00 e encerram às 17h00.

O período eleitoral foi também marcado pela morte no dia 08 de julho, em Barcelona, Espanha, do ex-presidente José Eduardo dos Santos, e pela contenda familiar que se seguiu, um braço de ferro judicial e diplomático em que levou a melhor a viúva, Ana Paula dos Santos, e os seus três filhos, apoiados pelo Governo angolano, contra os filhos mais velhos que estão em rota de colisão com o regime e não vão estar presentes nas exéquias.

O executivo ainda não avançou com a data oficial para o funeral de Estado que pretende fazer, mas se acontecer a 28 de agosto, como foi veiculado por dirigentes do MPLA, acontecerá ainda no rescaldo das quintas eleições angolanas, que se adivinham renhidas.

A polícia angolana mobilizou desde segunda-feira todo o efetivo, devido às eleições, até quinta-feira, e 75% dos meios entre “26 de agosto e 06 de setembro”.

As “medidas de prevenção” e segurança, de acordo com uma diretiva do Ministério do Interior angolano, vão vigorar até 01 de setembro, em que está prevista a “tomada de posse dos membros eleitos”.

Segundo a polícia angolana, mais de 80 mil efetivos, sendo que 35.930 ligados diretamente para assegurar as mais de 13.000 assembleias de voto, devem garantir a segurança das eleições angolanas.

A Comissão Nacional Eleitoral (CNE), entidade que ao longo deste período tem sido a principal visada pelas críticas dos partidos da oposição, criou 13.238 assembleias de voto, constituídas por 26.443 mesas, no território nacional, e 26 assembleias de voto com 45 mesas no estrangeiro, para as quais foram recrutados 105.952 membros.

Do total de 14.399 milhões de eleitores, 22.560 são da diáspora, distribuídos por 25 cidades de 12 países de África, Europa e América.

As mesas de voto fecham às 16:00, mas quem estiver na fila poderá votar até às 17:00, segundo a CNE.

Em Portugal, estão registados para votar cerca de 7.600 angolanos.