O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou, esta quarta-feira, Maria Luís Albuquerque como o nome proposto para ser a nova Comissária Europeia de Portugal.

Nascida em Braga, no ano de 1967, Maria Luís Albuquerque, de 56 anos, licenciou-se em Economia, na Universidade Lusíada de Lisboa, e concluiu os seus estudos com o mestrado em Economia Monetária e Financeira, no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa.

Entre 1996 e 1999 foi técnica superior na Direção-Geral do Tesouro e Finanças, e entre 1999 e 2001 foi técnica superior do Gabinete de Estudos e Prospetiva Económica do Ministério da Economia.

Em 2001, foi assessora das Finanças, bem como diretora do Departamento de Gestão Financeira da REFER, até 2007. Durante este período, foi ainda docente da Universidade Lusíada de Lisboa, no Instituto Superior de Economia e Gestão e no pólo de Setúbal da Universidade Moderna, entre 1991 e 2006.

Depois, de 2007 a 2011, coordenou o Núcleo de Emissões e Mercados do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público.

Ainda em 2010, assumiu o cargo de técnica na Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), onde aprovou um importante "swap" das Estradas de Portugal.

Vice-presidente do PSD e cabeça de lista dos candidatos a deputados pelo partido, em Setúbal, em 2011, foi nomeada Secretária de Estado do Tesouro e Finanças nesse ano e Secretária de Estado do Tesouro entre outubro de 2012 e junho de 2013.

No ano seguinte associou-se aos assuntos do Eurogrupo e ECOFIN, substituindo o então Ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar. Entre julho de 2013 e outubro de 2015 foi Ministra de Estado e das Finanças, no Governo de Pedro Passos Coelho, de quem chegou a ser professora na Universidade Lusíada, durante o período da "troika".

De perfil discreto, esteve envolvida na venda do BPN ao BIC e nas privatizações de empresas como EDP e REN. Isto antes de, em outubro de 2012, o então primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, ter decidido separar as pastas das Finanças e do Tesouro, ficando a secretaria de Estado das Finanças a cargo de Manuel Rodrigues e mantendo-se Maria Luís Albuquerque com a pasta do Tesouro.

A então secretária de Estado destacou-se a negociar o cancelamento de contratos ‘swap’ (derivados de taxas de juro) tendo sido a primeira personalidade a ser ouvida na comissão parlamentar de inquérito aos ‘swaps’.

Já em 2015, foi novamente cabeça de lista da coligação Portugal à Frente, por Setúbal, e foi nomeada novamente Ministra de Estado e das Finanças até novembro desse mesmo ano. Em 2019, contudo, durante a direção de Rui Rio, ficou de fora da lista de candidatos à Assembleia da República.

Em 2022, sob a liderança de Luís Montenegro, Maria Luís Albuquerque foi o número dois da lista apresentada pela direção ao Conselho Nacional e encabeçada pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, tendo então realçado a oportunidade para “ajudar e contribuir” para os desafios do partido, mas recusado um regresso ao passado.

Desde setembro desse mesmo ano é membro do Conselho de Supervisão da subsidiária europeia da norte-americana Morgan Stanley.

Casada e mãe de três filhos, Maria Luís Albuquerque nunca viveu verdadeiramente na cidade de Braga, como disse em maio de 2011, em entrevista ao jornal Rostos.pt. O seu pai era Comandante da GNR e Maria Luís acompanhava-o nas deslocações, o que a levou, aos nove anos, para Moçambique, onde o pai trabalhava na Barragem de Cahora Bassa, onde ficou entre 1976 e 1982.

Foi em Moçambique que disse ter feito a formação ideológica e de personalidade, ao viver a adolescência num período conturbado do país: “Sempre tive um espírito combativo, porque sempre me recusei a aceitar as regras, o cantar o hino, a adoração ao líder. Essas foram situações que me marcaram, porque não aceitava que limitassem as liberdades individuais”, disse ao mesmo jornal, lembrando ainda a sua formação católica.

Acabado o ensino preparatório, voltou para Portugal para casa dos avós, em Armamar, na região do Douro, a terra que disse sentir mais como sua. Isto antes de ir estudar para a capital, num percurso a que atribui o “espírito de grande abertura à mudança”, do gosto por “coisas novas, ideias novas” que desenvolveu.

A economista poderá agora substituir Elisa Ferreira, que é desde 2019 a comissária portuguesa do Colégio de Ursula von der Leyen, com a pasta da Coesão e Reformas.

*Com Lusa

(Notícia atualizada às 15h10)