“A Quercus vai iniciar um processo de queixa formal à UNESCO face a mais este atentado à Paisagem Cultural do Alto Douro Vinhateiro, Património da Humanidade”, lê-se num comunicado enviado à Lusa.
No documento refere-se também a intenção de serem iniciados “procedimentos adequados na justiça portuguesa como último meio para tentar proteger o património natural, paisagístico e cultural mais uma vez ameaçado”.
A associação ambientalista refere que participará com um parecer negativo na consulta pública do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que decorre até 29 de maio.
De acordo com o EIA consultado pela Lusa, a proposta encontra-se em fase de anteprojeto e é apresentada por uma empresa com sede em Estarreja.
O empreendimento situar-se-á nas freguesias de Ansiães, no concelho de Amarante, e União de Freguesias de Teixeira e Teixeiró, a menos de dois quilómetros do Penedo Ruivo, um dos pontos com maior altitude da serra do Marão, onde já existe outro parque eólico.
Seis das oito torres ficarão do lado de Amarante.
Caso avance, o empreendimento terá a capacidade de 20 megawatts, para distribuir energia elétrica pela EDP, numa zona onde, numa envolvente de seis quilómetros, já existem 60 aerogeradores.
O período de exploração é de 20 a 25 anos, de acordo com o EIA e a construção deverá demorar cerca de 10 meses.
Na data em que se assinala o Dia Internacional da Biodiversidade, a Quercus insiste hoje que o Parque Eólico do Marão “coloca em risco a paisagem do Alto Douro Vinhateiro – Património Mundial e o habitat do lobo ibérico e da águia real”.
Os ambientalistas referem que está prevista a instalação de oito aerogeradores com 93 metros de altura e com rotores com 114 metros de diâmetro.
Para a Quercus, aquelas dimensões são também incompatíveis “com os objetivos de conservação da biodiversidade que levaram à classificação do Marão como rede Natura 2000”.
“Estes monstros artificiais irão descaracterizar de modo irreversível o alto da serra do Marão que tem escapado ao longo dos anos à febre da instalação de parque eólicos”, alerta-se no comunicado, criticando-se o “tamanho desmesurado dos aerogeradores” e o impacto negativo na paisagem do Alto Douro Vinhateiro.
“Estamos a falar de equipamentos com altura superior a prédios de 30 andares, já para não falar nas acessibilidades e rede elétrica também necessárias à conclusão do empreendimento. Apesar de já serem visíveis aerogeradores na região, os que se pretendem instalar no Parque Eólico do Marão são de dimensão muito superior aos existentes”, insiste a Quercus.
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