Horas antes, o Exército israelita tinha declarado ter matado dez pessoas e detido outras oito num ‘raid’ antiterrorista naquele campo situado no norte do território palestiniano.
Hoje à noite, 48 horas após a sua incursão no campo que é alvo frequente destes raides muitas vezes mortíferos, o Exército israelita retirou-se, constatou a agência de notícias francesa AFP no local.
Explosões e tiros foram ouvidos durante grande parte do dia e pelo menos três casas foram bombardeadas e foram vistos ‘drones’ (aeronaves não-tripuladas) a sobrevoar o campo, revelando uma grande presença militar no local.
Em imagens da AFPTV, é possível ver veículos militares e soldados a percorrer as ruelas do campo, onde residem quase 7.000 pessoas.
“As forças de segurança eliminaram dez terroristas durante confrontos”, indicou o Exército num comunicado, precisando que oito soldados e um oficial da polícia de fronteiras tinham ficado feridos.
O Exército israelita efetuou rusgas de casa em casa em várias zonas do campo de refugiados e afirma que estas operações têm como alvo grupos armados palestinianos, mas entre as vítimas há frequentemente civis.
Quando os militares retiraram, durante a tarde, as equipas de socorro acorreram em auxílio de um palestiniano algemado, caído por terra num passeio, com as plantas dos pés dilaceradas.
O Ministério da Saúde da Autoridade Palestiniana deu conta de “várias pessoas mortas e feridas dentro do campo”, acrescentando: “O Exército está a impedir as equipas médicas de socorrer os feridos”.
O ministério indicou que 11 pessoas ficaram feridas, sete das quais por armas de fogo. Entre elas, um elemento de uma equipa de socorro foi atingido por um tiro, acrescentou a mesma fonte em comunicado.
O raide de Nur-Shams insere-se num contexto de intensificação da violência na Cisjordânia – território palestiniano ocupado por Israel desde 1967 -, desde o início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque de dimensões sem precedentes levado a cabo pelo movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita a 7 de outubro de 2023.
Pelo menos 480 palestinianos foram mortos por colonos ou pelas forças israelitas na Cisjordânia desde o início da guerra entre Israel e o Hamas.
Hoje à tarde, o condutor de uma ambulância do Crescente Vermelho Palestiniano foi morto durante confrontos entre colonos e aldeões palestinianos em As-Sawiya, uma localidade a norte de Ramallah, indicaram a organização e o Ministério da Saúde palestiniano.
Segundo uma testemunha, colonos atacaram hoje à tarde casas da aldeia à pedrada e disparando armas com munições reais. Dois jovens palestinianos que tinham ido confrontá-los foram feridos.
Quando chegou uma ambulância, o motorista foi atingido, de acordo com a testemunha, que acrescentou que estavam presentes soldados israelitas.
Desde 7 de outubro, nove israelitas, cinco dos quais membros das forças de segurança, foram mortos na Cisjordânia, segundo o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).
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