Kirill Serebrennikov é acusado de ter desviado perto de um milhão de euros de dinheiros públicos, acusação que o realizador classifica de “absurda”.
O realizador e encenador viu recentemente a prisão domiciliária prorrogada até 22 de agosto.
A prisão do cineasta e encenador causou uma onda de contestação no meio artístico russo e internacional, que acusam a Rússia de ter detido o cineasta por motivos políticos.
Entre as entidades que têm contestado a prisão do realizador conta-se a organização do Festival de Avignon que, além de ter reivindicado a libertação imediata de Kirill Serebrennikov, programou uma das suas peças para a edição de 2019 do certame.
A organização do Festival de Cinema de Cannes foi outro dos organismos que se insurgiram contra a situação do realizador uma vez que esta inviabilizou a sua deslocação à última edição do Festival onde, em maio último, o seu filme “Summer” foi apresentado em competição.
Na ocasião, a cadeira onde o realizador se devia sentar ficou vazia, sem que, porém, a organização do certame lhe tenha prestado homenagem na passadeira vermelha e o público tenha acolhido o seu último trabalho com uma forte ovação.
A 10 de maio último, a Rússia confirmou ter recebido e recusado um pedido do Festival de Cannes para que o realizador estivesse presente no evento, alegando que “ninguém tem o direito e o poder de influenciar decisões judiciais”.
O delegado-geral do festival de cinema de Cannes, Thierry Frémeaux, afirmou em conferência de imprensa que Cannes e o governo francês enviaram um pedido a Moscovo para que Serebrennikov fosse autorizado a sair do país, para participar na estreia do filme.
Segundo Frémeaux, o festival recebeu uma resposta pessoal do presidente russo, Vladimir Putin, dizendo que o realizador “tem problemas com a justiça” e que nada pode fazer, “porque os tribunais são independentes”.
“Summer” conta a história do músico Víktor Tsoi, um dos nomes do rock soviético, que morreu em 1990, mas para a produtora Ilya Stewart, tudo o que Serebrennikov faz “tem relação com a atualidade, seja no cinema ou no teatro”.
“Summer” concorreu à Palma d’Ouro e foi montado em casa do realizador em fevereiro, sem qualquer contacto com o mundo exterior.
A prisão domiciliária de Kirill Serebrennikov deveria ter terminado a 19 de abril, o que lhe permitiria viajar para Cannes, mas, na altura, a justiça russa prolongou-a até 19 de julho.
Comentários