Pareciam só mais umas obras. Um empreiteiro que trabalhava no local do museu abriu um buraco provisório numa parede da cave emparedada e tudo o que conseguiu ver foi um monte de entulho lamacento e alguns ratos de um lado para o outro.

Mas não era bem assim, conta o The Guardian. Ali estaria uma descoberta “sem paralelo”: depois de os detritos terem sido removidos, foi encontrada uma rede de abóbadas subterrâneas de tijolo que ninguém sabia que existia, mesmo após um ano do início do projeto de construção de milhões de libras.

Havia indícios em planos antigos de algumas estruturas subterrâneas, “mas como tudo estava bloqueado e fechado com tijolos, não fazíamos ideia de que ainda existiam”, disse Paul Williams, o diretor principal dos arquitetos que lideraram o projeto.

Contudo, a rede vitoriana continua lá. Segundo o jornal britânico, há "uma floresta labiríntica de arcos e colunas cuidadosamente construídos à mão que se estendem por 800 metros quadrados — uma área maior do que três campos de ténis — tudo escondido numa das zonas mais movimentadas do centro de Londres".

De acordo com a informação até ao momento, as abóbadas terão sido construídas juntamente com o mercado local na década de 1880, em parte para ajudar a manter a movimentada Farringdon Road acima, mas também para servirem como espaço de armazenamento para os enormes volumes de mercadorias que entravam e saíam dos mercados naquele que era então o troço ferroviário mais movimentado da Grã-Bretanha.

Calcula-se que o espaço servisse para guardar fruta, legumes, carne e têxteis — mas até podem ter sido usados como estábulos para os muitos cavalos de carga que trabalhavam nos mercados.

Cinco anos após a descoberta, tudo foi meticulosamente restaurado e o chão e a iluminação estão prestes a ser colocados. No final, os visitantes do museu poderão explorar o espaço.

Assim, o museu parece juntar várias épocas nesta construção. Parte do espaço, que deverá abrir em 2026, ficará situado no subsolo, ao mesmo nível das antigas ruas romanas, dos comboios Thameslink que passam e que os visitantes poderão ver através de uma janela e do rio Fleet, que corre escondido atrás de grossas paredes de tijolo, a poucos metros de distância.

“Tudo o que fazemos, todo este projeto, tem a ver com imaginação”, disse Williams. “Se há algo que desperta a imaginação, são os comboios, são os romanos, são os cofres que não se conseguem encontrar. Trata-se de um tesouro escondido, o que é muito adequado para o Museu de Londres”.