"Estamos com um nível baixo [de armazenamento de água] e fizemos um programa de contenção da rega de modo a assegurar, com toda a tranquilidade, o consumo público", disse hoje à agência Lusa o presidente da associação de beneficiários, Luís Bulhão Martins.
Segundo o responsável, o plano para racionar o consumo de água para fins agrícolas "é o programa possível de cumprir sem causar demasiados prejuízos aos agricultores".
Por outro lado, assinalou que, nesta altura do ano, "muitas culturas entram em fase de colheita e os volumes armazenados na albufeira da Vigia deixam de ter uma tensão tão grande, uma vez que os consumos de água para rega vão diminuir".
Bulhão Martins notou que a existência, desde 2015, da ligação do Alqueva à albufeira da Vigia "salvaguarda de certo modo a situação", considerando, ainda assim, que a ligação disponibiliza "volumes e caldais pequenos".
O presidente da Associação de Beneficiários da Obra da Vigia disse ser cedo para falar sobre as culturas de outono/inverno, lembrando que na zona existem culturas permanentes, como olival, vinhas e pomares, que "precisam de regas de sobrevivência".
"Os primeiros consumos que se possam fazer vão ser alocados a estas culturas e, enquanto não houver reforço das capacidades de água armazenada, vamos dizer que não é possível fazer cultura anuais regadas", afirmou.
O responsável previu que a falta de água provoque prejuízos "bastante grandes" e "problemas graves" aos cerca de 100 agricultores da zona.
Também em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Redondo, António Recto, indicou que a Vigia, que tem capacidade para 16,5 milhões de metros cúbicos de água, possui atualmente "entre dois a três milhões", sendo que "um milhão é o nível morto".
"É uma enorme preocupação tendo em conta a escassez de água" e o facto de a previsão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) apontar para "precipitação bastante reduzida até finais de outubro", assinalou.
O autarca adiantou que o nível de armazenamento de água na albufeira da Vigia "está a ter um acompanhamento diário" por várias entidades para que "seja garantido o abastecimento público".
"Estamos convencidos que, com esta redução do consumo no regadio, seremos capazes de ultrapassar esta dificuldade", afirmou.
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