"Um dos principais fatores críticos de desenvolvimento [da atividade de recolha] é o decréscimo significativo no investimento em comunicação porque a pressão dos ecovalores leva-nos a uma situação em que Portugal tem um dos mais baixos da Europa", salientou à agência Lusa Eurico Cordeiro.
Em julho, a Quercus alertou que Portugal pode não cumprir a meta de recolha de pilhas usadas fixada para setembro, se a Ecopilhas, a entidade gestora com maior peso no mercado, manter a estagnação da atividade.
Nos últimos três anos, a Ecopilhas "viu estagnar a recolha de pilhas e acumuladores portáteis" e, considerando que esta entidade representa cerca de 70% do mercado, os ambientalistas diziam estar preocupados, já que a situação "pode colocar em causa a meta de recolha de 45% estipulada para 26 de setembro" para Portugal.
Segundo os números da Ecopilhas, no ano passado foram recolhidas 527 toneladas de pilhas e baterias, no total das três entidades com esta tarefa, e, em 2009, quando era somente a EcoPilhas a ter esta competência, recolhia 500 toneladas.
"Atualmente, há mais duas entidades, mas a quantidade não cresceu proporcionalmente", conclui Eurico Cordeiro.
O ecovalor (montante pago pelos produtores ou importadores do produto a recolher) português de uma pilha AA "é o mais baixo dos países credíveis na Europa, o que leva a que não exista disponibilidade financeira para investir em comunicação", segundo o diretor geral da Ecopilhas, a entidade gestora de resíduos de pilhas e acumuladores com maior peso em Portugal.
Eurico Cordeiro relatou que o melhor país europeu, com dados fiáveis, nesta área é a Bélgica, que investe mais de três milhões de euros em comunicação de sensibilização para a necessidade de direcionar as pilhas velhas para o local correto, e tem 10 milhões de habitantes, como Portugal.
"Em 2014, na Bélgica, [que pratica] o ecovalor mais caro, a pilha AA era 7,5 cêntimos, Portugal era 0,82 cêntimos", exemplificou.
Em Portugal, "investe-se em publicidade na televisão 'zero', a EcoPilhas investiu em televisão em 2014, mas no ano passado só realizou campanhas de sensibilização em rádio, com um gasto de 50 mil euros", salientou o diretor geral, acrescentando que, no passado a entidade fazia campanhas de 400 ou 500 mil euros, mas isso deixou de acontecer.
As entidades gestoras de resíduos de pilhas e acumuladores portáteis (EcoPilhas, ERP e Am3E) devem canalizar 5% do montante que obtêm para ações de comunicação.
Segundo o diretor geral da EcoPilhas, uma das razões para os custos das entidades portuguesas serem mais elevados do que a média europeia deve-se à necessidade de pagar o transporte das pilhas para outros países, como Espanha, França ou Alemanha, já que em Portugal não há forma de tratar os materiais.
"O nosso ecovalor devia ser, provavelmente, dos mais elevados da Europa, mas não, é dos mais baixos", concluiu.
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