Em declarações à agência Lusa, duas das famílias disseram que não têm dinheiro para pagar a mensalidade exigida pela instituição que os trouxe para Portugal há cerca de ano e meio, no âmbito de um programa de acolhimento de refugiados.
O presidente da Fundação Assistência para o Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFFP), Jaime Ramos, explicou que terminou o programa de apoio e que, "de acordo com as regras, cada família deve autonomizar-se e passar a pagar renda de casa, água, eletricidade e as suas despesas".
"Terminou o prazo e três famílias recusaram-se a sair, embora uma delas já tenha dito que vai sair", disse o dirigente, salientando que, no caso de não terem trabalho, "a Segurança Social continua a dar apoio numa perspetiva humanitária".
Os refugiados sírios queixam-se de que a Fundação ADFP pretende cobrar uma renda de 340 euros por cada apartamento T3, incomportável para a sua situação económica.
"Cada família recebe cerca de 500 euros de apoio social da Segurança Social. Se pagarmos 340 euros de renda ficamos com o quê para viver", enfatizam dois homens sírios, que fugiram à guerra com as respetivas famílias e ainda passaram pelo Egito antes de chegar a Portugal.
Uma das famílias possui três crianças e a outra família tem duas, uma delas com ano e meio, situação que está a gerar grande apreço nos pais que temem o frio previsto para os próximos dias, uma vez que os apartamentos têm muita humidade, visível nas paredes e tetos.
"Nós queremos sair, mas não estamos a conseguir arrendar apartamento porque nos pedem 500 e 600 euros de mensalidade", disse um dos refugiados sírios, antigo motorista de profissão, que diz não conseguir encontrar trabalho.
Criticam ainda a Fundação ADFP de não ter concluído o programa de ensino de português, após a saída da professora que os acompanhava.
O corte de água e eletricidade nos apartamentos do edifício que alberga o cinema de Miranda do Corvo foi acompanhado por uma patrulha da GNR, no seguimento de uma decisão judicial por falta de pagamento.
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