A cidade já tinha tentado o título em 2018 e dessa experiência resultou uma candidatura de âmbito regional, que envolveu os diferentes agentes do Douro e que saiu vencedora hoje, em Bruxelas, onde foi defendida pelo presidente da Câmara de Peso da Régua.
“É um grande prémio para a região, um prémio merecido e que nos vai ajudar também àquilo que tem sido o trabalho da Comunidade Intermunicipal (do Douro), que é cada vez ter mais preocupação com aquilo que é o nosso desenvolvimento económico, a sustentabilidade de todo o território”, disse o autarca à Lusa.
Enquanto Cidade Europeia do Vinho 2023 o Douro Património da Humanidade será, segundo os promotores da candidatura, “uma referência europeia no vinho, na vinha, na cultura e na celebração harmoniosa da natureza e obra secular realizada por gerações de durienses”.
O autarca explicou à Lusa que “vai haver agora um período de preparação, de consolidação de projetos, e em 2023 é que vai ser o ano pleno da candidatura”.
“Acima de tudo vai haver um conjunto diversificado de atividades que agora vão ser consolidadas em projetos mais efetivos”, sustentou.
Para desenvolver estas atividades, o presidente de Peso da Régua salientou que o Douro tem a expectativa de poder “ter um financiamento acrescido” por parte de entidades como a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e do Turismo.
“Esperamos que o ano de 2023 seja um ano muito favorável para toda a região do Douro, na nossa afirmação, mas acima de tudo na valorização daquilo que é o nosso vinho, daquilo que é o nosso território, é isso que é importante, é valorizarmos para podermos garantir a sustentabilidade futura”, apontou.
As dificuldades do território, nomeadamente dos produtores, também estão presentes e, depois do título alcançado, a expectativa é de conseguir “levar o mundo até ao Douro”.
“Este é nosso lema cada vez mais presente, no sentido de sentirem aquilo que são as dificuldades que nós temos para manter este Património da Humanidade”, afirmou.
A aprovação da candidatura, com o lema “All Aroud Wine, All Around Douro”, chega numa altura em que o Douro comemora 20 anos da elevação a Património da Humanidade e em que a preocupação local é “garantir que as gerações futuras recebam este Património da Humanidade em condições de sustentabilidade”.
Na defesa da candidatura, na manhã de hoje em Bruxelas, o presidente da Câmara de Peso da Régua defendeu que este “é um dos maiores desafios coletivos que o Douro já assumiu em toda a sua história, materializando o desejo e o pulsar de toda uma região”.
No processo juntaram-se os municípios integrados na Associação da região vitivinícola demarcada e regulamentada mais antiga do mundo, a todas as 19 autarquias que constituem a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro.
“Com esta vitória acalentamos o desejo legítimo de que o Douro, um grande contribuinte das exportações nacionais, faça do vinho e da vinha uma alavanca concreta e real para o desenvolvimento da sua economia e riqueza de quem aqui vive e trabalha”, enfatizou o autarca da Régua.
Os 19 autarcas da CIMDouro garantem estar “preparados para dar corpo” ao título alcançado, “juntamente com as entidades locais e regionais e todos os 22 mil produtores”.
As vendas de vinhos do Porto e Douro atingiram “valores recorde” de 600 milhões de euros em 2021, representando 403 milhões de euros em exportações e um crescimento de 12,4%.
A CIM Douro compreende os concelhos de Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Lamego, Mesão Frio, Moimenta da Beira, Murça, Penedono, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa e Vila Real.
A candidatura regional, que saiu vencedora em Bruxelas, resultou também da experiência da Cidade do Vinho 2019, distinção atribuída à Régua naquele ano pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV).
A Régua apresentou também candidatura à Cidade Europeia do Vinho 2018, mas o título foi atribuído aos municípios de Torres Vedras e Alenquer, no distrito de Lisboa.
A Cidade Europeia do Vinha é um concurso anual lançado pela RECEVIN, em 2012, e tem como objetivo a promoção turística e a divulgação das regiões europeias produtoras de vinho, tendo um caráter rotativo entre os diversos países que fazem parte da rede.
A RECEVIN conta com o apoio das associações nacionais de vinhos presentes na maioria dos 11 países membros da rede – Alemanha, Áustria, Bulgária, Eslovénia, Espanha, França, Grécia, Hungria, Itália, Portugal e Sérvia.
O conselho de administração da RECEVIN elegeu Aranda de Duero (Espanha) como Cidade Europeia do Vinho 2020 e, devido à situação de pandemia de covid-19, este título foi alargado até 2022.
No ano de 2023 a Cidade Europeia do Vinho teria que ser portuguesa e, além do Douro, foram apresentadas as candidaturas “Algarve Golden Terroir”, que junta os municípios de Lagoa, Albufeira, Lagos e Silves, e uma outra do Vale do Lima, que agrega os concelhos de Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo.
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